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quarta-feira, setembro 17, 2003

Dissertação regada em Big Brother

Desde sempre me lembro de ouvir os actores de novelas contarem as reacções das pessoas na rua sempre que encarnavam vilões: a maior parte dos espectadores confundia actor com personagem e chegava a insultar o desgraçado que só estava a fazer o seu trabalho - e em princípio bem, já que era convincente...

Mas o povo evolui, a humanidade está em constante devir. Já não somos bimbos, não senhor, já sabemos distinguir as coisas. Não importa se faz de mau. É actor, pronto. E como aparece na televisão é famoso. E é por isso mesmo que para os residentes da casa que todo o país cusca

- será que nas penitenciárias também falam assim da malta, "os nossos residentes"... pá, pelo menos dos presos preventivamente há quatro anos, é uma questão de consideração -

para estes residentes, mais importante do que passar muito tempo em preventiva até que seja impossível - mesmo a quem se está cagando para eles - não lhes reconhecer as fuças e até o nome, é fazer merda antes de sair.

Ora pensem comigo: assim o povo vai dizer quando os vir cá fora, "olha filho, aquele é o jovem que nos proporcionou tão bons momentos de televisão quando tratou mal os colegas e deu um pontapé na outra", ou "vês, amor? este é aquele que na televisão segurava a cabeça das miúdas com as mãos para manter à força as caras delas a dois milímetros de distância da dele durante as conversas, não te lembras?, aquele que quando o contrariavam apanhava valentes carraspanas e obrigava toda a gente a aturar-lhe as neuras e a estupidez".

E pronto, a star is born.