Caros gregos...
"(...) Pitágoras fundou a Irmandade Pitagórica - um grupo de seiscentos seguidores que eram capazes não apenas de compreender os seus ensinamentos, mas que podiam acrescentá-los, criando novas ideias e provas. Depois de ser admitido na Irmandade, cada membro tinha de fazer a doação de todos os seu haveres mundanos para um fundo comum e caso algum membro deixasse a Irmandade, receberia duas vezes o que tinha originalmente oferecido, e uma pedra tumular seria dedicada à sua memória. A Irmandade era uma escola igualitária e incluía várias irmãs. A aluna favorita de Pitágoras era a própria filha de Milo, a bela Theano, e a despeito da diferença de idade, afinal, casaram-se.
Pouco depois de fundar a Irmandade, Pitágoras cunhou o nome filósofo e, desta forma, definiu os objectivos da sua escola. Enquanto assistia aos Jogos Olímpicos, Leão, príncipe de Flius, perguntou a Pitágoras como se descreveria a si mesmo. Este respondeu-lhe: Sou um filósofo, mas Leão, que não conhecia a palavra, pediu-lhe que se explicasse:
A vida, príncipe Leão, pode muito bem ser comparada a estes jogos públicos, pois que na vasta multidão aqui reunida alguns são atraídos pelo lucro e outros são impelidos pelas esperanças e ambições de fama e glória. Mas, entre eles, há uns poucos que vieram observar e compreender o que aqui se passa.
Acontece o mesmo com a vida. Alguns são influenciados pelo amor da riqueza enquanto outros são cegamente levados pela febre louca do poder e do domínio, mas o tipo mais elevado de homem dedica-se a descobrir o significado e o objectivo da própria vida. Procura descobrir os segredos da natureza. Este é o homem a quem eu chamo filósofo, pois, embora nenhum homem seja completamente sábio em todos os aspectos, ele pode amar a sabedoria como a chave dos segredos da natureza."
in A Solução do Último Teorema de Fermat, de Brian Singh, Relógio d'Água*
*obras tão boas em encadernações de tão má qualidade!...