Saudades... vossas.
E pronto, já ando na montanha russa novamente. E não tenho tempo! Não tenho tempo! E penso e grito e choro e revolto-me, mas não tenho tempo de escrever, nem cérebro disponível para alinhar meia dúzia de larachas. E como neste pântano de que nos fala a Vermelha continuam a medrar as sanguessugas e bichos do lodo - sem desprimor para os verdadeiros, que pelo menos não fazem leis nem têm responsabilidades públicas - hoje apetece-me matar saudades vossas com um feliz sotaque brasileiro. O do Zeca. Disco, Líricas.
É mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado do que imprimir o futuro
Não quero ser triste
como um poeta que envelhece lendo Mayakovsky na loja de conveniência
Não quero ser alegre
como um cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo
Nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda
Quero no escuro
como um cego tactear estrelas distraídas
Amoras silvestres no passeio público
Amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
Tempestades que não param
Pára-raios quem não tem
Mesmo que não venha o trem não posso parar