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sábado, novembro 29, 2003

Tchador

Sou ateu, ateuzinho, ateuzinho, ateuzinho. Acredito em energias e em causa e efeito, mas não vejo por que é que tem de existir um ente consciente que dê sentido a tudo isto. Sou absolutamente contra a discriminação positiva de que goza a Igreja Católica na nossa sociedade e, acima de tudo, na nossa Educação. Considero a laicização do Estado a grande conquista dos movimentos liberais. E embora reconhecendo o conforto espiritual que uma confissão religiosa ou uma fé sólida possam trazer, continuo a sentir que são refúgios e que, historicamente, têm sido pouco mais do que instrumentos de controle, opressão e manutenção de poderes instalados - salvaguardadas as devidas excepções, em que o conforto espiritual anda lado a lado com uma real compreensão do mundo.

Por um lado não posso deixar de concordar que o tchador é um dos símbolos da opressão da mulher muçulmana. Por outro, não sei até que ponto não era o lenço minhoto um símbolo da opressão da mulher católica. Ou se não é opressão uma viúva usar preto até morrer, como continua a acontecer em tanta aldeia desta nossa ocidental praia - a minha avó beirã morreu com 93 anos, esteve de luto desde os 70, são vinte e três anos de lenço preto na cabeça. Bem sei que os homens morrem mais cedo, mas os viúvos lá da terra não tinham estas preocupações com o assunto.

Mas em França quer-se legislar em favor da punição de estudantes do sexo feminino apenas por insistirem nesta socialmente inócua tradição. Até filhas de famílias em que o tchador já não se usa estão a fazer questão em usá-lo na escola, como protesto por aquilo que vêem como um ataque discriminatório às liberdades individuais dos muçulmanos. Mas isto não faz pensar os legisladores franceses, iluminados no seu posto de homens do leme da humanidade, guardiões de direitos, liberdades e garantias - desde que à sua própria imagem e semelhança. O argumento é que o recinto da escola oficial esteja liberto de símbolos religiosos - suponho que seja proibido também o crucifixo ao pescoço, o símbolo egípcio da vida, crachás de yin-yang e por aí fora, ou então trata-se apenas e só de perigosa e vã discriminação étnica...

E assim o "pelotão da frente", os laicos iluminados, os europeus avançados, ao invés de assumirem a enorme responsabilidade que o posto que perseguem acarreta, preferem antes deitar mais uma achazita na fogueira dos ódios que todos os dias crescem entre muçulmanos e cristãos.

A responsabilidade não é de Alá ou de Jeová, mas nossa, senhores. E o exemplo também.