Artes e partes
Tenho seguido atentamente e com muito agrado as dissertações do Crítico sobre o projecto de Siza Vieira para Alcântara e fico a pensar que gostaria que outros leitores de esquerda lessem o Crítico com mais atenção. Não estamos sempre de acordo, mas o Crítico é o tipo de conservador que pensa - são cada vez menos os que pensam, em todos os quadrantes -, que investiga, que se documenta, que não gosta de falar por falar, que gosta do que gosta e abomina o que não gosta. E o gosto nada tem a ver com cores, clubísticas ou políticas - por vezes parece-me que a diferença é nenhuma -, o gosto é uma questão pessoal, nasce de educação, formação, percursos e afectos.
Tendo eu deixado aqui um manifestozito que se insere neste tema, senti-me impelido a esclarecer: a desova sob o título de Ganda testa é sobre o cartaz e apenas sobre o cartaz da Rua Brancaamp. Primeiro porque considero a propaganda de Santana Lopes na CML uma ofensa à minha inteligência e à minha bolsa de alfacinha, segundo porque, e até o Crítico há-de concordar comigo, o argumento é, para não variar, absolutamente falacioso e risível. Sobre o projecto em si não me pronuncio por falta de informação concreta, embora deva sublinhar que o conceito de uma construção em altura numa zona ribeirinha me coloque muitas reservas, ainda que seja admirador do Siza... o facto da Gare do Oriente ser do Calatrava também não me impede de reconhecer que para abrigar da chuva e do vento aqueles que ali esperam pelo comboio, a estética não é suficiente. Além disso, abrir um precedente destes nesta cidade e neste país pode ser o suficiente para daqui a uns anitos, ao invés de se conseguir ver o rio de praticamente todos os miradouros de Lisboa, apenas se ver uma sucessão de imponentes "escarros", numa e noutra margem.
Por último, e mudando de assunto, tenho de agradecer o post Mandar à merda, que muito gozo me deu a ler. Vamos lá responder ao novo xéllenge, ó Crítico. Fico à espera da visita...