Descobri um site precioso...
DOTeCOMe. Foram relações de amizade que me levaram até lá e muito lhes agradeço por isso. Descobri um local de inteligênca, franqueza, sensibilidade e cultura, tudo isto, pasmem os mais incrédulos, misturado com boas doses de marxismo. Donc, c'est possible, senhores!
Porque cada homem é uma ilha exótica do conhecimento...
Para quem sofrer do mesmo mal-de-vivre que eu, deixo aqui a conclusão de um artigo de Fernando Penim Redondo, publicado já em Julho 1990 sob o título Do socialismo prematuro para o socialismo do futuro, na Vértice. Eu cá me queria parecer que não andava doido de todo... ou que pelo menos não era o único doido.
NOVO PAPEL DOS PARTIDOS REVOLUCIONÁRIOS
Os partidos revolucionários têm tradicionalmente desenvolvido dois tipos de acções:
- Organizar os explorados na sua luta defensiva contra as injustiças do capitalismo
- Perspectivar a destruição do capitalismo, a substituir por um regime dominado pelo proletariado. Este usará o seu poder para eliminar de vez a injustiça e a exploração.
Para tomarmos consciência, através de um paralelismo histórico, do significado de tal postura consideremos qual teria sido o sucesso de quem, na segunda metade do século XVIII, não só defendesse os servos da injustiça feudal como propusesse a socialização dos feudos como base produtiva de uma sociedade que, governada pelos servos, realizaria a justiça universal.
É claro que a organização e a luta dos oprimidos não só é justa como constitui um factor de aceleração da queda dos sistemas sociais caducos. Tal trabalho, que tem constituído a mais genuina fonte de orgulho e base da identidade dos partidos revolucionários não deve, de modo algum, ser abandonado.
O que se propõe é que seja complementado com uma nova visão do futuro que não seja passível de confusão com o Socialismo Prematuro. Também é necessário evitar qualquer confusão com a social-democracia, o que não parece difícil já que esta foge "como o diabo da cruz" de perspectivar o fim inevitável do capitalismo.
Tendo em conta o que acabamos de dizer, os partidos revolucionários deveriam integrar nos seus programas as seguintes linhas de força:
- Respeito rigoroso dos métodos democráticos tanto internamente como na actividade pública.
- Abandono de qualquer perspectiva vanguardista que signifique distinção, com base na condição de classe, entre os cidadãos enquanto fonte de legitimação do poder partidário e político
- Exercício, na prática, de um papel de vanguarda baseado na lucidez das análises e na validade das propostas. Esse papel nunca será auto-proclamado mas sim, eventualmente, reconhecido pelos destinatários da acção política.
- Apoio às transformações tecnológicas rumo ao Socialismo do Futuro. Combate a todas as formas de introdução da tecnologia que se façam com base em sofrimentos desnecessários.
- Reforço do trabalho junto das camadas que já hoje prefiguram, na sua actividade, as relações sociais do futuro
- Ajuda à formação de uma nova consciência social tanto a partir do sistema de ensino como pela acção política e cultural
- Antecipação das contradições da sociedade nascente por forma a combater, durante a sua formação, todos os desvirtuamentos e que impeça, na medida do possível - confesso que não gosto muito desta medida para meta programática, mas enfim... - , a continuação da exploração sob novas formas.
CONCLUSÃO
O capitalismo não é só um sistema social gerador de enormes injustiças; o seu maior fracasso consiste em não ser capaz de pôr ao serviço da humanidade a força criativa de milhões de cérebros.
Obedecendo à lógica mesquinha do assalariamento não pode, apesar dos enormes meios tecnológicos de que dispôe, fazê-lo.
Lutemos pelo Socialismo que será como o abater de um dique que barra a inteligência humana.
Milhões e milhões de cérebros humanos, em cooperação, encontrarão soluções mesmo para os problemas que sempre nos pareceram eternos.