A linha
É estranho como há imagens que nos abalam tão inesperadamente. Um corpo coberto no chão junto a um automóvel desfigurado. Um animal morto na estrada. Uma criança demasiado infeliz ou demasiado estúpida para ser criança. E de repente um futebolista que sorri ironicamente a um cartão amarelo, os olhos abertos, o corpo em ebulição, o suor no rosto. E de repente as mãos nos joelhos, nada de estranho, e de repente a queda, de repente o abandono, o corpo inanimado desaba, a cabeça bate duas vezes no chão e ele já não está lá, se acordar não vai saber como adormeceu, se não acordar não saberemos se o soube.