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Foi em 1987, apoiado por amigos, abandonado por um estado democrático nascido sob o seu canto, que morreu Zeca Afonso. Não foi só um músico, não foi só um poeta, não foi só um professor, não foi só um apaixonado temperamental, um alinhado-desalinhado, um espírito livre, honesto, rico e humanista. E como tantos destes espíritos, não foi só um filantropo-misantropo - a segunda talvez não por opção, mas por necessidade. Não é só um símbolo. É parte da nossa identidade. Que diria ele do que (re)vivemos hoje?
Balada do Outono
Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Águas
Das fontes
calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar