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terça-feira, fevereiro 17, 2004

Névoa

I
Não é de inteligência que se trata, nem sempre se pode reduzir, ou alargar, depende do ponto de vista, tudo o que move r. à lógica insofismável com que define tudo e classifica tudo e finge compreender tudo. Riam, se quiserem, pois é a mais velha comédia do mundo, aquela em que se tropeça por dentro, sem rasteiras ou com rasteiras diminutas e insignificantes, cuja eficácia só a falta de equilíbrio de quem as sofre, só a falta de equilíbrio de r., justifica. A mais velha comédia do mundo, o medo profundo e mesquinho, acutilante e perfurante, comédia do vácuo, do sopro que tudo tolda excepto a angustiante sensação de se estar infinitamente só, de que r. está infinitamente só e sem norte, ainda que por breves e infinitos instantes, r. sabe-os breves e infinitos e exclusivamente seus.

É preciso alguma dose de generosidade para que se esteja disposto a entrar no desnorte de r., para que s. esteja disposto a entrar no desnorte de r., para que s. se arrisque a ajudar r. a reorientar o ponteiro para o norte magnético, como era, alguns graus para oeste do geográfico, ou seria para leste, o norte magnético porque é esse que importa não é verdade? Aquele que atrai e faz movimentar o ponteiro, muito mais forte do que o outro cardeal inventado e convencionado, mais uma daquelas convenções que nunca incomodaram ninguém e das quais, concerteza, apenas alguns iluminados conhecem as razões. Nem sempre essa generosidade está disponível de imediato, é necessário recorrer ao armazém quando não existe em stock, por vezes tem de ser aprendida sem mestre, como naqueles manuais de línguas, todos nós temos em casa um por abrir, sim, s. não pode esperar que seja r. a ensinar-lhe a generosidade que r. sabe não lhe ser devida por qualquer razão em especial, apenas pelo facto de lhe ser necessária, não será razão suficiente, talvez não, só s. o poderá dizer, só s. tem essa resposta. Que não é lógica, ou r. conhecê-la-ia de certeza e dar-lha-ia de bom grado, é certo.

s. olha r. e perde-se. O seu norte não é mais seguro do que o de r. mas r. sempre julgou que a sua generosidade o fosse, talvez fosse, afinal, engano, não seria a primeira vez, não há-de ser a última, no fim de contas também não é assim tão grave, só mais um vácuo que exige o seu tempo para passar, o seu compasso muito próprio e aglutinador. Mas para r. não há nada pior do que a conversa de circunstância de si para si, se s. é, de facto, parte de r., pois, parece que demora a aperceber-se disso, novamente não se trata de inteligência. É quase como acordar de manhã, olhar-se ao espelho e em vez de dizer vai à merda comentar o tempo que não pára de mudar e perturbar, como se a sua honestidade para consigo não lhe exigisse que se mandasse à merda se fosse caso disso, não exigisse que a vulnerabilidade lhe arrancasse as lágrimas em vez de fazer dizer, então, o filme, gostaste? Não tem lógica, pois não, talvez seja essa a razão da sua tamanha verdade. Ainda que as verdadeiras comédias só possam ser inteligentes, não é necessariamente a inteligência a sua matéria-prima, há muitas coisas muito mais inteligentes do que acabar com uma tarte na cara ou com a cara numa tarte, a ordem dos factores não é muito relevante para o caso.

E as lágrimas querem libertar-se mas o riso não deixa, se se sentem ridicularizadas elas, as lágrimas, recusam-se a sair, recolhem-se e aleijam, é sempre possível sufocar nelas sem nunca as deixar transbordar, pois pois, uma prova de força, não é, com r. não se brinca, gente forte é assim, até em frente ao espelho se insuflam os músculos, para os que vivem verdadeiramente para a cultura da força, física ou não, a existência de um público é um mero pormenor. Mas r. acha que não lhe mete medo por isso, se mete s. também não será pessoa para o aceitar, r. gosta disso em s. e s. gosta disso em r., de qualquer forma não é algo que lhes exija grande generosidade. Que pode r. esperar, já alguém um dia lhe disse que o seu aspecto frágil era um engano, que em si guardava um poço de força, que pode r. fazer se a sua personagem se revelou tão eficaz? Tem muito de autêntica essa personagem, o suficiente para convencer largos públicos, não significa que esteja acordada e disponível a cada momento em que se revela necessária, qualquer um pode falhar uma entrada, é humano. Grave mesmo é quando o actor está em cena e a personagem disso se esquece e o deixa exposto e desavisado, raramente o público se apercebe, embora estranhe, mas o actor sofrerá sempre, ainda assim, achará sempre que deve explicações a quem pagou bilhete e saíu defraudado mesmo sem dar por ela, os públicos são muito menos cruéis quando têm razões para isso do que quando somente as supõem, é profundamente injusto. De algum modo é assim sempre, quando se supõe teme-se estar perante um logro, quando se sabe é possível ser-se beatificamente misericordioso e rejubilar com isso. O público de comédias será provavelmente o pior. E voam as tartes.