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quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Névoa

II
r. nunca conseguiu entender qual era a utilidade das comédias ou nunca teve um mestre competente, se s. insiste em reduzir tudo a coisas práticas digam-lhe o que existe de prático em gastar tempo e dinheiro a rir, o que existe de prático em gastar tempo e dinheiro a chorar, a teoria é igualmente boa para ambos os opostos, óptimo, dois coelhos com uma só cajadada, invalidam-se já aqui os dramas e as comédias de uma assentada, não serão uma e a mesma coisa afinal? E o que é prático e urgente para r. não o é necessariamente para s., o que tira o sono a r. não tira necessariamente a s., desencontram-se assim nas horas e nos espaços dos sonhos, nada poderia suceder de mais grave se é esse o território de eleição do estranho conjunto que formam, estranho como todos os conjuntos, se quando um sonha o outro pragmatiza, e se as posições se forem sucedendo em carrossel sem nunca coincidirem num mesmo ponto? Hipótese aterradora para ambos, hipótese paralisante para ambos, como vamos sair daqui juntos se cada um por si não consegue fazê-lo? r. não sabe porque precisam de ajuda, s. não sabe como ajudar r. e ajudar-se, mau feitio, ambos, novamente não coincidem, agora não coincidem nos momentos em que tão duro amo dá tréguas, se r. tocar uma pedra de gelo gelará logo em seguida, s. deveria compreendê-lo uma vez que gelaria também no seu lugar, r. sabe-o e por isso lhe dói mais e mais se espalha a dor e mais lhe custa encontrar vontade para conseguir novo armistício com o seu próprio interior. Não é possível, no entanto, apontar culpados se a mensagem não foi descodificada, a culpa pode ser de ninguém senão dos alfabetos diferentes que os regem e os atam, a eles que se julgavam a libertação um do outro. Novamente os nós do caminho se percorrem a tempos diferentes, se este navio circula a determinada velocidade e aquele a outra em sentido oposto quanto tempo levarão a cruzar-se, e se a conclusão for que não se cruzarão, a resposta ao problema estará mesmo errada?

E tamanho é o medo de s. que não dá tréguas, se os astros não se alinham hoje convenientemente, se a sorte e o azar estão em confusão, paciência, as pessoas são bichos esquisitos. Espera-se, há-de passar, o travesseiro é o melhor conselheiro, o tempo é o melhor remédio, quem espera sempre alcança, esqueces-te de que o travesseiro só serve para alguma coisa se boa cama fizeste para nela te deitares, r. sabe-o, tem uma relação próxima, de extremos, com a cama, conhece-lhe os caprichos. s. não, prefere esperar, amanhã talvez haja sol e lhe arranque um sorriso com uma piada como se faz com as crianças que se mantêm amuadas e já não sabem por que razão, o grande problema é que os amuos infantis calam fundo nos adultos, nestes dois pelo menos, s. talvez ainda não o saiba, vai ter de aprender, se quiser, por si, se quiser, apenas se quiser.

De qualquer modo não é fácil, demasidados impecilhos surgem a cada esquina e demasiadas quedas se evitam instantes não quantificáveis antes da tragédia, ambos revelam sabê-lo a cada momento, está quase a cair, os banhistas de roupão e o D. Fuas de roupinho, surge a Senhora no último instante, não quantificável, vai-te ó demo, e o cavalo crava os cascos na rocha, é impossível, claro, mas o instante que não existiu torna-se quantificável pela marca na pedra que não assistiu verdadeiramente a tudo, mas onde rumam os turistas em peregrinação, estão protegidas por um tecto agora, as ditas marcas, mais do que muitos se poderão gabar, mesmo que durmam próximos do local do milagre, um tecto.

Não é fácil, pois ambos temem escolher o caminho, ambos temem que o outro sinta que está a ser conduzido, ambos se sabem condutores, ambos querem deixar-se conduzir mas não sabem como dizê-lo ao outro ou a si mesmos. r. sofre a cada dia por não sabê-lo o último, tanto ou mais do que sofreria se o soubesse tal, pois se morresse o dia ficaria assim definido como o dia em que r. morreu, não se juntaria à névoa de dias que r. vê quando olha para trás, dias que perseguem, mal definidos no espaço e no tempo mas instalados em si, com todo o peso sobre os seus ombros. As névoas são o que de mais assustador se pode encontrar na vida, uma estrada que não se segue porque se perde na névoa, uma névoa nos olhos pode não ser nada - ou pode ser a morte que se quer fazer presente, cansada de ser ignorada no quotidiano como se nada fosse - e esta névoa dos dias que perseguem r., de dias e do que os encheu, névoa de gente que em algum tempo tornou tudo mais claro e que agora se perde em contornos e essências, r. não faz nada para esquecê-los, eles esquecem-se a si mesmos dentro de r.