Les Triplettes de Belleville
Quem apanhou o post em que eu falava do Finding Nemo, sabe que me apaixonei perdidamente pelos peixes palhaços e os tubarões assassinos em recuperação anónima. Pois digo-vos agora, amigos: O ÓSCAR FOI MAL ENTREGUE. Este filme é maravilhoso, é a herança de Tati na animação, o texto é o que importa menos, as personagens são humanas, solitárias e solidárias, a alegria e a felicidade resistem a tudo, mesmo à miséria e ao esquecimento, a beleza estética é embasbacante. O simbolismo também. Penso que todos nós conhecemos uma Madame Souza como aquela, silenciosa, preocupada, disponível, desapegada, com o indispensável buçozinho português e uma perplexidade constante. Champion, o seu neto com nome de cão, misantropo e esfíngico, sonhando de pequenino com a bicicleta que acompanha os pais na fotografia colada na parede. Bruno, o cão com nome de gente, oráculo silencioso de sonhos e premonições. As velhas triplettes e a sua música concreta, as suas peles e rugas, a sua feliz excentricidade e os seus pobres sapos. Os homens quadrados e grandes que suportam e transportam os pequeninos ridículos poderosos mafiosos fumadores de charutos e abatedores de cavalos. E a hiperbólica e subserviente flexibilidade do garçon do restaurante. E a música. E a perspectiva alargada e deformada. Uma obra-prima. Uma obra de arte em todo o seu esplendor.
Vão lá encantar-se. E não saiam antes do final dos créditos, é um conselho que vos dou.