A verdade contra a guerra
Não sei quantos éramos, mas estávamos lá muitos. Uma participação inesperada arrancou sorrisos e aplausos: no telhado do condomínio de luxo em construção entre a António Maria Cardoso e a Rua do Alecrim, meia-dúzia de operários empunharam cartazes à passagem da manif, com slogans como "Paz e trabalho" [trabalho, nããã, esta gente que gosta de manifs só dança na rua e fuma ganzas, a mim não me enganam eles!]. Também nós levávamos cartazes, megafones, bombos e esperança. Com slogans mais ou menos bem apanhados, que assim todos juntos não se torna muito prático um discurso politico-filosófico sobre os princípios de vida, humanidade, paz, democracia, justiça e inteligência pelos quais ali gritámos. Pela Terra, pela verdade, pela liberdade, pelo fim da manipulação em nome de interesses particulares, em nome do poder deles, do mundo deles. Sim, a guerra é deles, mas os mortos são nossos. Não, não morreu nenhum português, como na blogosfera jocosamente se perguntou, mas a resposta à sua mediocridade está na própria pergunta, nem merece a pena dizer mais nada. E depois a ATTAC e outros movimentos similares é que são "anti-globalização".
Não sei quantos éramos. Mas estivémos lá. E estaremos enquanto for necessário. Nem que nos atirem aos cornos com as poltronas já cavadas.