Então a guerra não acabou?
ou
Os invasores são nossos amigos!
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Segundo um balanço avançado pelo director do principal hospital da cidade [Falluja], os combates provocaram mais de 450 vítimas, entre civis e membros dos grupos armados em luta contra as tropas americanas.
Um colaborador de um dos dirigentes iraquianos a participar na mediação do conflito — que levou à suspensão temporária dos combates — garantiu que pelo menos 400 iraquianos morreram.
Ambas as fontes calculam em cerca de um milhar o número de pessoas feridas nos combates, desencadeados segunda-feira, quando os "marines" norte-americanos lançaram uma operação em grande escala para capturar os responsáveis pela morte de quatro seguranças americanos, na semana passada nos arredores da cidade.
Entre as tropas norte-americanas, o número de baixas deverá ascender a mais de duas dezenas, embora não exista um balanço oficial. Várias dezenas de militares ficaram feridos nos confrontos, que durante quatro dias se desenrolaram num ambiente de guerra urbana.
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Confrontado com estes números, Adnan Pachachi, um membro sunita do Conselho de Governo iraquiano (entidade representativa da população junto da administração americana do Iraque) considerou os combates em Falluja "ilegais e totalmente inaceitáveis".
Segundo o responsável, a acção mais não é do que "uma punição colectiva de todos os habitantes" da cidade pela morte dos quatro civis americanos. "Essa questão não poderia ter sido resolvida desta maneira, não se pode punir todos os habitantes de Falluja por aquela acção".
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Os combates estão também a ser condenados por vários países, em especial no mundo árabe, mas também pela Rússia, que apelou aos EUA para "suspenderem as operações militares", considerando existir um "uso desproporcional da força". Por seu lado, a Jordânia, anunciou que vai enviar para a cidade ajuda de emergência, constituída essencialmente por medicamentos, cobertores e comida.
Apesar destas reticências, a AFP adianta que os "marines" se preparam para relançar as operações militares na cidade, onde permanecem centenas de homens armados, prosseguindo as buscas casa a casa.
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Os militares da coligação lutam, assim, em duas frentes de combate — a Oeste com os sunitas, a Sul com os xiitas — mas os analistas acreditam que as duas comunidades poderão esquecer velhas rivalidades e unir-se na luta contra o ocupante. Sinal disso, é o facto de centenas de xiitas e sunitas estarem a acorrer em auxílio da população de Falluja — cidade cada vez mais símbolo da insurreição iraquiana.
Não são citações de um jornal árabe. São do Público. Vale a pena pensar sobre isto? Ou será que nem isto faz com que certas pessoas tenham vergonha na cara?