Estamos na rua
Estamos mesmo na rua. Entre cravos, abraços e discussões. Entre canções e emoções, recordações e ambições. Entre divergências e partilhas. Entre sonhos e desilusões. E vontade. E consciência. O caudal inundou a avenida e tomou o lugar do braço de rio que outrora a ocupou, empurrou do seu caminho os camiões do exército que o barravam, curiosamente enviados àquela hora para desmontar o palanque onde hoje não se aplaudiram os palhaços, e alagou Restauradores e Rossio ao som da marcha do MFA.
E ali reafirmámos que somos livres. Ali olhei em volta e tive esperança que aquele mar de gente, que este mar de gente, saiba que, mais do que esperá-la, pode fazer a liberdade.