<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5669356\x26blogName\x3dThe+Amazing+Trout+Blog\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://theamazingtroutblog.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://theamazingtroutblog.blogspot.com/\x26vt\x3d7427130160736514488', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

sábado, abril 03, 2004

Uma mulher

Gostava de conseguir escrever sobre o concerto e nada mais do que o concerto. Mas é impossível. O público era estranho. O grande problema de se tornar um nome praticamente incontornável da spoken word e, portanto, de uma certa cultura alternativa - também conhecida como "cultura-ou" - é que depois tem de se gramar com públicos que só não são mainstream porque dá mais estilo ser "ou". E depois é o que se vê. Ursula sentiu necessidade de falar muito, mas o público nunca chegou a abrir realmente o canal. Gente a entrar e a sair, a circular pelas coxias, uma energia estranha aliada a um som desequilibrado que prejudicou demasiadas vezes a fruição do jogo entre as palavras e a música e, por último, um Teatro Municipal muito lindo e renovado, cheio de condições mas no qual quem ocupa a segunda plateia tem de gramar com conversas entre arrumadores, gente a entrar UMA HORA depois do espectáculo começado, a ausência de uma mísera cortina para impedir a agressão da luz de cada vez que se abre a porta para o foyer e seguranças, arrumadores e técnicos a entrar e a sair indiscriminadamente, escancarando - e por vezes deixando escancarada - a dita porta. Sempre que estive prestes a levantar vôo agarraram-me as asas. Nada pode ser mais revoltante num concerto assim. Devo dizer: O TEATRO MUNICIPAL DE SÃO LUIZ DEVIA TER VERGONHA!

Mas apesar de tudo, na minha frente esteve aquela mulher com as suas palavras, os seus músicos e o seu filho na barriga. Foi engraçado, numa época em que praticamente toda a gente faz questão de dar nome e identidade aos filhos a partir do momento em que uma máquina permite que se veja o sexo do bébé, ouvi-la apresentar-se: "I'm Ursula Rucker and we don't know who this is yet". Como que dizendo "It really doesn't matter, as far as love is concerned". No veludo da voz, as palavras rudes e doces e rudes novamente, desfiando-se. Os gestos do seu hip-hop muito pessoal - hip hop is not a musical cathegory, it's a culture-, a honestidade, a consciência, a luta, o amor. Se nós ainda fazemos sentido, tudo isto ainda faz sentido.

Querem saber do que falo, vão ao site conhecê-la. Podem ouvir os dois álbuns e ler os textos. A poesia urbana resiste. E bem.