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domingo, maio 02, 2004

Gabriel I

No fundo, no fundo, é de tudo isto que se fala sempre, não é? Dos intervalos que o não são, dos amores exteriores que afinal nos são tão interiores como as próprias vísceras, o próprio sangue. No fundo, no fundo, tudo o resto comanda, mas nada do resto importa.

Subia a rua. Nada mais. Eu descia-a. É uma lei da Física, para que os corpos se cruzem devem provir de origens diferentes e apontar para destinos diferentes. E as leis da Física são inexoráveis, imbatíveis. Ignoráveis apenas por um fio limitado de tempo.

Torna-se sempre difícil explicar como se sucedem acontecimentos que as coincidências regem e os desencontros juntam. Difícil de explicar até para os próprios elementos do encontro, que se perdem em memórias castradas de momentos que o não chegaram a ser, em sucessões estranhas e obscuras de olhares que de tão desejados perdem as definições e as origens... Aconteceu mesmo? Na realidade, na rua? Em sonhos? Será que importa?

Nada de muito extraordinário, no entanto. Gatos vadios existem nestas ruas às dezenas, não é difícil tropeçar num, às vezes cai-se, às vezes não. Novo aforismo, nova lei? Para quê tanto trabalho? Gosto de felinos. Dos olhos fundos, invasores e ternos. Do corpo ágil, saltando do repouso ao estado de alerta sem que se espere. De não terem medo de cair. E isso é prova de coragem, porque o mito de que os gatos caem sempre de pé não é mais do que isso, um mito, por muito escassa que seja a probabilidade, e voltamos sempre a leis e regras, não nos podemos esquecer de que a queda será muito mais dura para quem a ela nunca se habituou. Mas deixar-se cair quando nada mais há a fazer não é só prova de coragem, é prova de inteligência. Pode também ser uma prova de amor.

Um intervalo, mais um. Porque apetece parar e beber um copo quando se fala de amor, fumar um cigarro, beijar alguém, prazeres mundanos que as regras contrariam e que tanta vez as regras matam, de morte assassinada. Palavra maldita quando cheia dos odores que a definem, quando alagada dos líquidos etílicos que a recomendam e afastam, as leis, sempre as leis, as regras, as instruções, os caminhos, os medos, tantos medos. Talvez chegar-me ao balcão, pedir uma cerveja e uma requisição, olhe, queria um Modelo A24 para requerer o amor ou dispensá-lo definitivamente, obrigada, onde é a tesouraria? Objectos versáteis, os balcões, como as mesas, que são camas, ou não. E por detrás de todas as garrafas, o espelho, para além das costas do barman também o meu rosto reflectido e os dos amigos que me acompanham, o espelho lembra-mo, que eles me acompanham hoje e eu a eles, amanhã talvez já não me lembre se eram eles ou outros, mas hoje são importantes, amanhã que importa?

E aqui estou, aqui me mantenho, petrificada, paralisada, aterrada. Não me mexo, tenho medo de me mexer e destruir algo que não tenho, de perder o que me mantém viva ainda que não seja meu. É um medo que só o amor empresta, medo de se perder o que não se tem. Medo de invadir e vontade ser invadido. Mas só se pode falar de vontade se forem possíveis as opções... Será novamente uma lei? Ou estará sempre presente a vontade, mesmo quando cremos que não, quando gostamos de sentir que algo demasido forte e superior guia os nossos passos e nos empurra para o pólo que nos magnetiza e paralisa, leis da Física ou de outra coisa qualquer? Desculpe, qual era a pergunta, acho que me perdi. Mais um intervalo.