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quinta-feira, maio 20, 2004

Laranja e os outros

Como qualquer pessoa normal, prefiro almoçar em boa companhia do que sozinha e, como qualquer pessoa razoável, prefiro almoçar sozinha do que na companhia de alguém que não me diga nada.
Contudo, os portugueses parecem sofrer do sídrome da “coitadinha, que-está-ali-a-almoçar-sozinha, vamos-lançar-lhe-o-nosso-olhar-de-piedade.” Penso se não será este um reflexo daquela qualidade lusa, apregoada com orgulho por todos os portugueses, de nos preocuparmos tanto uns com os outros que seríamos incapazes de ver alguém estendido no chão sem pararmos para ajudar.
Mas será que ver uma pessoa a almoçar sozinha é igual a vê-la estendida no chão? O facto de se tomar uma refeição sem ninguém sentado à nossa frente é sinal de que estamos sozinhos no mundo, sem namorados ou amigos?

E com isto em mente inicio eu, quase todos os dias, a minha corrida de obstáculos a que se dá o nome de “hora de almoço”. Espero que os meus colegas de trabalho saiam para almoçar, finjo-me muito atarefada quando passam por mim e me perguntam se quero ir com eles, faço um lindo sorriso “não, obrigada, tenho aqui imensas coisas para acabar”, espero uns cinco minutos e saio, vou sempre almoçar ao mesmo sítio, onde a comida tem qualidade mas não é “chique”, e por isso tenho menos probabilidades de encontrar alguém conhecido mas com quem não quero partilhar a minha hora de almoço.

Assim fiz, ontem. Estava sentada no tal restaurantezinho, a deliciar-me com os prazeres de almoçar sozinha – poder ir debicando da salada de frutas enquanto ainda estou no prato principal e poder fazê-lo em silêncio, sem ter de fazer conversa mole para evitar aquele silêncio incómodo que se gera entre duas pessoas que nada têm para dizer uma à outra, muito menos para transmiti-lo sem palavras – quando oiço “Oh! Estás a almoçar sozinha? Coitadinha... ia ali a passar e vi-te aqui, sozinha! Eu já almocei com o meu marido, mas se quiseres que te fique aqui a fazer companhia...” Esta pessoa não é minha amiga, quase não a conheço. Pelos vistos vai permanecer assim. “Não obrigada”, sorriso amarelo, de quem quase tem de pedir desculpa por não precisar da companhia de alguém para almoçar feliz.

Quem me dera ser transparente nestas alturas...