Portugal alcatifado bebe vinho e canta o fado*
Ontem tive o enorme prazer de ver, ao vivo, os Irmãos Catita. Confesso, fui ver o Manuel João Vieira, o nosso ex-quase-candidato à presidência da república. Não querendo menosprezar o trabalho - excelente! - dos restantes músicos, Vieira é o meu herói. Ri-me com as geniais patetices do costume, com a figura dos elementos da banda, com a boa disposição daquela gente. A seguir fui para casa, liguei o computador e li as notícias. A campanha para as europeias está a ser deprimente:
João Almeida, presidente da Juventude Popular, refere-se a Sousa Franco como "um senhor careca e de óculos esquisitos", Ana Manso, deputada, presidente da distrital da Guarda do PSD, diz que o cabeça de lista do PS é "um homem sem categoria" e que isso "não é por lhe faltar alguma coisa em termos físicos", Deus Pinheiro diz que vai tentar acabar com os insultos durante a campanha... já não nos bastavam as constantes alusões ao futebol agora ainda temos de gramar graçolas feitas à conta das deficiência físicas de um candidato?
E ainda perguntavam ao Manuel João Vieira se ele estava a brincar quando se tentou candidatar?
Esta gente esquece-se que "a política é a coisa mais séria e nobre do mundo a seguir ao desporto profissional, aos pastéis de nata, ao sexo em grupo, ao crime organizado, ao cálculo diferencial, à adjectivação, às vitaminas, à patinagem artística, ao OMO, à estratosfera..."**
Demos as mãos e gritemos em conjunto: "Vieira, Vieira, o resto é lixeira".
*do Hino da campanha eleitoral Vieira 2001
**in cábulas do candidato Vieira para o programa do Herman José