Férias
-impressões em diferido II-
Tromba d'água noite fora no Serrão. A tenda resiste a tudo, menos ao roço que o vizinho fez desviando a água da sua petite versailles de lona encharcando o chão e o material dos outros. Honra lhe seja feita, a minha tenda está alagada, mas o local onde o seu Honda Concerto está estacionado, mesmo ao lado, está sequinho, sequinho. Há que conceder, o homem sabe trabalhar. E ele é que tem razão: nós é que devíamos ter desmontado logo às primeiras horas da manhã para ele poder continuar a mandar água à vontade, quem nos manda ir tomar o pequeno-almoço? Se fôssemos gente como deve ser fazíamos como ele, que manda dois berros à mulher para o pão com torresmos aparecer, não obstante a enxurrada. Vem-me à memória o tal conselho, acho até que foi a Branca que mo deu a conhecer: nunca discutas com um idiota, ele arrasta-te até ao seu nível e depois ganha-te em experiência. É verdade. A minha boa disposição vale mais que um bípede muar a descarregar frustrações de férias para cima de toda a gente. Um saltinho ao alvéolo do Pipo, do Paulinho e dos restantes peregrinos do Sudoeste, saber as últimas, que bandas partiram, que bandas mais valia que partissem, beijos, boa viagem, bom resto de férias e ala para Sagres, respira fundo que ainda vais ter de aturar os surfes e as suas babes.