A tradição é um bem a defender IV
Ao ouvir Zita Seabra falar na RTP 1 sobre as alternativas ao aborto fornecidas pela sociedade e pelo estado portugueses, e considerando que:
- continua a ser boicotada, pelos mesmo arautos da "vida" que se manifestam furiosamente contra a auto-determinação das mulheres, a implementação de uma verdadeira educação sexual nas escolas;
- a educação, a informação e o interesse dos jovens e da população portuguesa em geral são reconhecida e comprovadamente deficientes;
- a informação sobre contraceptivos como a pílula, o DIU ou mesmo o método das temperaturas não me parecem muito eficazes à posteriori;
- e uma vez que a dita senhora não apresentou um único argumento esclarecedor da essência ou da prática dessas alternativas, cumpre-me deixar esta lista de opções ao dispôr das mulheres eventualmente interessadas e até do estado para que possa organizar melhor estes sectores da nossa sociedade, por forma a que a resposta a estes "momentos de terrível sofrimento na vida de qualquer mulher" sejam grandemente minorados. A saber:
- dar a criança para adopção, uma vez que eramá se colocou termo ao velhinho e eficiente sistema da "Roda" nos conventos e misericóridias por esse país fora;
- vender a criança a casais ricos do primeiro-mundo, prática que tem dado reconhecidos frutos em países que se debatem com situações semelhantes à nossa, como a China ou o Cambodja;
- o mui respeitável recurso ao trabalho como "alternadeiras";
- vender o corpinho na rua, de preferência sem chulo, que sempre mama um bocadito do income;
- o abandono puro e simples - alguém há-de dar pelo berreiro.
Perdoem-me o sarcasmo. Mas é cada vez mais difícil levar a sério o autismo e a prepotência. Em suma, o fascismo sobre o meu próprio corpo.