Dez anos sem Graça...
Deveria servir esta desova apenas para assinalar a data - a noite de 26 para 27 de Novembro de 1994 - e para vos relembrar dos concertos de hoje e amanhã na Aula Magna da Universidade de Lisboa nos quais se vai apresentar, pela terceira vez em mais de vinte anos, o Requiem pelas Vítimas do Fascismo.
Muito se discutiu, nos comentários ao post que fiz há dias sobre este assunto, acerca do que era política ou deixava de ser. Pois bem, por mais que se lhe queira fugir, não há modo. E a prova é que ontem recebi esta informação estupefacta de um dos solistas da obra, a poucas horas do concerto no Europarque: ao fim de meses de negociações, cedências de direitos e confirmação da gravação para transmissão e arquivo pela RTP, na véspera do concerto o nosso serviço público de televisão informa quem de direito de que a gravação afinal não se efectuará. Justificação? O "responsável máximo" [que ninguém paguece sabegue quem é] não quer "nem ouvir falar nisso" (sic). E pronto, caso encerrado. Mas encerrado de véspera, para que nenhuma outra estação possa lembrar-se de preparar uma transmissão.
Dificilmente se poderia esperar algo que definisse melhor o que vivemos hoje neste país. Habitamos os anexos do quintal de meia-dúzia de fedelhos armados em donos da relva. E parece que não queremos saber de ter o tractor nas mãos... dá muito trabalho, muita chatice, muito agastamento. E nós somos calmos e não gostamos de levantar ondas, a não ser à porta de um tribunal quando não há mais meias para passajar e é preciso ir passar o tempo. Não nos esqueceis: Ovinos, senhor!