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quarta-feira, novembro 17, 2004

Momento vegetal amarelo em quarto de hotel

Repetição do Herman SIC, esse bastião da televisão sem substância e do narcisismo de alguém que já foi um grande comediante, ontem à noite, não sei por alma de quem. Em entrevista, José Pedro Gomes, Pedro Laginha e Carlos Paca, actores da peça Laranja Azul. Extractos interessantes:

Herman: Então, tu [Zé Pedro Gomes] és psiquiatra e temos o maluco branco e o maluco preto?...
José Pedro Gomes: Não, temos o maluco preto e os dois médicos brancos... que também não batem muito bem da mona. [risos]

(...)

Pedro Laginha: Já é a segunda que faço com o Zé Pedro, de seguida... não é para qualquer um. [risos]
H: Qualquer dia temos um casal assumido nas revistas...
JPG: Nós dois e o nosso maluco com a sua laranja. Vai-se a ver e ele ainda é nosso filho.
H: Pois, ficou foi tempo demais no forno e saíu um bocado queimado...
[risos amarelos]

(...)

Carlos Paca [irónico]: Afro-português, já não se diz "preto".
H [a ironia a passar-lhe toda ao lado, a ofensazita de lhe terem respondido a emergir, vitoriosa]: Pois, eu acho que só os racistas é que procuram formas de amenizar. Quem não é racista diz preto, percebeste, ó preto? Vá, pirem-se lá daqui.

Mas se o Herman fala verdade e não é racista, então esta tristeza só vem confirmar aquilo que a patética conversa com Cláudia Jardim acerca do espectáculo Urgências confrangedoramente mostrou: Herman José, ao contrário do que muitos dos seus trabalhos poderiam fazer pensar, é um homem triste e básico que não tem a noção das consequências das suas palavras e acha normal discorrer longamente e recorrentemente sobre características físicas da pessoa que tem à frente. Na minha terra isso tem um nome, falta de respeito. Na minha cabeça tem outros: tacanhez, mesquinhez, estupidez. E tenho pena, acreditem que tenho.