Mau jornalismo
1. A "notícia" é ilustrada com uma fotomontagem: um maestro com a cabeça de Santana Lopes. Fotomontagens, por mais hilariantes (ou, no caso, ridículas) que possam ser, não deviam ter lugar no jornalismo.
2. A maior parte da "notícia" é constituída por entrevista a uma ou duas pessoas. Não sabemos quem, não são identificadas.
3. Conteúdo: zero. Levantam-se suspeitas e acusações a uns, fazem-se elogios a Graça Moura. Não, não são os entrevistados que o fazem, parece ser a própria jornalista (as frases dos entrevistados distinguem-se por se encontrarem escritas a "bold". Fundamento: zero. Diz que Santana Lopes deu instruções, ao longo de nove anos, para que Estado não pagasse dinheiro que devia à orquestra. Onde estava Santana Lopes há nove anos? Era presidente do Sporting. Explicações para o facto de ser possível que o presidente de um clube desportivo controlasse o dinheiro devido pelo Estado à AMEC: Zero. Note-se que a notícia coloca Santana Lopes a ganhar a presidência da Câmara de Lisboa antes de 1996. Antes da Figueira da Foz, portanto.
4. O título da notícia fala num «erro policial», que terá levado à apreensão de centenas de livros do maestro. A notícia não explica em que consiste este erro. Seria um erro por injustiça? Não sabemos.
Não sei como é possível que o jornalismo tenha chegado a este ponto. Juro que não sei. Saudades dos tempos em que só os erros ortográficos me incomodavam quando lia as notícias.