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segunda-feira, janeiro 03, 2005

O Peter Pan afinal é um adulto!


Peter Pan, Kensigton Gardens
Londres, Agosto de 1998
Fotografia de Manel da Truta


Internem-me, se quiserem, mas acho que Finding Neverland é dos filmes mais realistas que já vi. Um Johnny Depp seráfico e com os olhos a transbordar de ternura e abandono [sendo esse olhar de abandono explicado numa breve cena] é John Barrie, o autor de Peter Pan, e Kate Winslet uma inteligentíssima, lindíssima, sensualíssima e secretamente doente mãe de Peter Llewelyn Davies, o menino que desde a morte do pai queria crescer depressa demais. Talvez porque pensasse que os adultos sofrem menos quando perdem alguém, como Barrie sugere. Talvez porque achasse que aos adultos ninguém mente como às crianças, como sugere o filme. Talvez porque sonhasse que os adultos compreendem as razões das coisas que nos acontecem, sugiro eu. Era isso que fazia dele uma criança. Só queria crescer o quanto antes porque era uma criança, fosse já um adulto e compreenderia a insensatez da sua escolha.

O filme deliciou-me especialmente por ser um ensaio em redor do que distingue adultos de crianças, ou melhor, do que significa ser adulto. A avó Julie Christie - o rosto continua o mesmo, mas as rugas enriqueceram-no espectacularmente - não é, ao contrário do que a expressão severa e segura querem fazer crer, uma adulta. Não o é, pelo menos, até ao momento em que o neto-aparentemente-ainda-criança lhe impõe os limites que ela teima em ignorar, não o é, de certeza até que bata palmas desesperada para salvar Sininho da morte no palco improvisado na sala de casa da filha. Sininho que não é Julia Roberts, naturalmente, antes não passa de um mero reflexo de luz comandado por um vulgar espelho de mão. Agora sim, Mrs. De Maurier cresceu. Quando percebeu que um adulto conhece a importância do afecto, da imaginação, da generosidade e só uma criança mimada pode dar menos importância a estas coisas do que às aparências, à sociedade, ao estatuto. Tudo brincadeiras de adultos, cheias de regras e disciplina mas com metade da graça, so what's the point? Que infantil desperdício de tempo que é a vida adulta.

Mas este John Barrie não tem qualquer tipo de inclinação para a infantilidade, para o alimentar de uma menoridade nas crianças. Pelo contrário, é inesquecível a cena em que Barrie testemunha deslumbrado aquilo a que ele chama a passagem para a idade adulta de George, o mais velho dos quatro irmãos. Inesquecível também pela sequência, já que na cena seguinte George experimenta o mecanismo de vôo do Duke of York Theatre, que se prepara para estrear Peter Pan, pairando sobre o palco com o seu corpo ainda pequeno e leve e o seu riso infantil. O teatro, o aquário onde conservamos tudo o que é bom e fresco da nossa infância, o sininho que nos recorda que não podemos ser adultos se deixarmos algum dia de ser crianças.