Oferta aberta
Continuava a conversa com a Mente aqui pelos salmonetes e na Antena 1 o Júlio Machado Vaz dizia, enquanto eu escrevia, este poema. É daquelas coincidências felizes e misteriosas. E não resisti. Este poema é o meu presente para ti, querida Mente, e para quem o quiser receber. Um beijo.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
António Ramos Rosa