Ciclo Novos Cantores - Jardim de Inverno - Teatro Municipal de São Luiz, Lisboa
Era uma vez um país onde existiam vozes, personalidades e artistas. Onde as escolas superiores de música que preparavam cantores para o ensino e para o vazio. Onde a única companhia de ópera fora dizimada há mais de uma década. E onde toda a gente gravava discos... a não ser que soubesse cantar, claro, aí tinha de se esforçar mais.
Ora neste país um pianista chamado Nuno Vieira de Almeida conseguiu, num teatro municipal, estabelecer um Ciclo de Jovens Cantores. Só que não há enchentes nem buzinas à porta, não se vendem pipocas nem coca-colas. Donde, é preciso mostrar que há público, mesmo antes de o construir. É preciso provar que Lisboa quer conhecer as novas vozes do país. É preciso que a música faça parte do quotidiano, a bem da saúde mental de cada um, a bem dos horizontes colectivos. É preciso, portanto, que eu esteja para aqui com esta conversa de chacha antes de vos informar que começa hoje a edição de 2005 [esperemos que não a última] do Ciclo Jovens Cantores no São Luiz. Acorrei, minha gente. Os tempos são de esperança e questionamento e a música ajuda a sentir e a pensar. Ora cá vai o programa.
3 de Março, quinta-feira
Ana Maria Pinto [um soprano do Porto, muito jovem, de quem só tenho ouvido dizer coisas boas] canta Schubert, Wolf, Mozart e Puccini
8 de Março, terça-feira
Pedro Teles canta Schubert, Schwanengesang [O canto do cisne]
15 de Março, terça-feira
Joana Manuel [que agora não estou bem a ver quem é] passeia pela primeira metade do século passado, com Schönberg, Britten, Weill, Cole Porter e Noël Coward
22 de Março, terça-feira
Susana Duarte [soprano que conheço muito bem e que, asseguro-vos, merece toda a vossa/nossa atenção, pelo talento, pelo rigor, enfim, façam favor de ir ver a miúda, ou quem perde são vocês] mergulha em Wolf e Debussy.
O piano está sempre a cargo de Nuno Vieira de Almeida. Os recitais começam todos às 19 horas. Já que o São Luiz não tem site, fica aqui a informação.