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quinta-feira, maio 26, 2005

Cuidado Casimiro!

Mais um post brilhante do Miguel, seguido de várias réplicas também a ler atentamente. É preciso mesmo pensar a contrapelo, é preciso não acreditar que a política seja uma mera conta de receitas e despesas de mercearia. E é preciso não desistir. Estamos cada vez mais perto do capitalismo selvagem e terceiro-mundista. Levámos o século XX a achar que a liberdade e a igualdade se iam espalhar e solidificar pelo mundo, mas ainda são demasiado frágeis. Muito mais frágeis que a fome de poder, a ganância e a cobardia política. E é por isso que a nossa vida continua, três anos depois, a ser comida pelo papão do défice. É por isso que nos dizem que temos de vomitar o que ainda não comemos enquanto os off-shores, os benefícios na banca e na bolsa, o sigilo bancário a sete chaves guardado são protegidos e nutridos e têm fraldas mudadas com elevo várias vezes ao dia. Não se enganem, meus amigos, só a forma é que é nova, porque há praticamente trinta anos que vivemos assim. E como se não bastasse, agora ainda nos espetam com um D.Sebastião de cara de pau e que solidificou em dez anos o que Portugal é hoje.

Já há mais de dez anos que oiço dizer que a Segurança Social não pode continuar como está, senão "isto" rebenta. Lembro de que já então, o comuna do Mário Castrim fez uma pergunta que eu continuo a repetir até hoje: "Isto", o quê? Os carros de luxo? As casas de luxo? As viagens de luxo? A corrupção? A fuga ao fisco, ou seja, a exploração desenvergonhada do trabalho de toda uma população? A acumulação escandalosa de meia-dúzia de fortunas enquanto a todos os que o têm contado se pede para apertarem o cinto? A mediocridade e a mesquinhez da visão do que é um país? É isso o que rebenta? Pois QUE REBENTE! QUE EXPLUDA!

Até quando vamos engolir estas desculpas esfarrapadas, até quando vamos acreditar que a economia é uma terrível e inexorável força do universo e não uma escolha política? Até quando vamos aceitar de cabeça baixa sermos a massa de escravos que alimenta panças e peidas e luxos? Quando é que vamos perceber o que significa "DeMoCrAcIa"? Já nem é o Big Brother que está a observar-nos, é o próprio D.Ubu. É dar finança, a D.Ubu, dai a finança toda, a D.Ubu. Que não reste nada, que nem um tostão escape - aos rapaces rufias que a vêm buscar -, dai toda a phinança, a D.Ubu!

Cuidado, mas muito cuidado com as imitações...