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quinta-feira, maio 12, 2005

Pelo mar dos actores adentro



Mar Adentro não é um grande filme, como tanto têm insistido os críticos. Mas tão pouco é um mero veículo para Javier Bardem. Ou apenas para ele. É um veículo para uma afirmação de liberdade, de afecto, de humanidade. E um show de representação. O que Bardem faz é praticamente sobre-humano, nos humores, na franqueza, no pudor, no olhar de uma profundidade simultaneamente resignada, serena, triste, inteligente, brincalhona, afectuosa, distante, sensível - e quantos mais adjectivos aqui acumular, mais me explico na descrição e mais evidencio a sua inexorável insuficiência face ao trabalho de actor que tão generosamente nos é oferecido por este homem num só olhar. Mas não só de Bardem vive este filme, senão da corrente de afectos e entregas que se constrói em seu redor. Na mouche, a personagem Gené [Clara Segura], a assistente da Associação Derecho de Morir Dignamente que dá apoio jurídico e amizade a Ramón Sampedro, lidando quotidianamente com a vontade de morrer dos outros, enquanto gera uma nova vida e nos surge sempre diametralmente longe da imagem de uma Parca com qualquer tipo de interesse na morte, antes como alguém que luta por uma liberdade individual, pelo fim de uma arbitrariedade inominável. Rosa e Julia, também diametralmente opostas e em oposição pelo objecto comum de afecto, pela educação, pelo meio social, pela própria saúde. Javier, o sobrinho-grunho-quase-filho, o calhau que sente e chora e que executa com o avô as invenções do tio. O pai de olhar triste e perdido. O irmão cheio de raivas nas suas ignorantes certezas e nos seus medos. Mas sobretudo e acima de todos, a cunhada-ama-enfermeira Manuela, uma Mabel Rivera admirável, no sofrimento silencioso, na compreensão amorosa, no desvelo companheiro, na revolta e no carinho, crescendo sempre e sempre até ao silencioso e avassalador clímax da despedida.

Em suma, concordo, não é um filmaço. Mas tem belíssimos momentos - impagável, a maratona do Irmão Andres - jovem mensageiro na disputa socrática com o padre tetraplégico e fala-barato - que corre escada acima escada abaixo, numa exaustão física e psicológica que nos oferece a dúvida crescendo no olhar estupefacto [era capaz de jurar que para este frade a vida clerical acabou nas escadas da casa e com as palavras de Ramón Sampedro]. Mas não sendo um filmaço, é um manifesto, da arte do actor de cinema e da liberdade, de viver e de morrer.