<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://draft.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5669356\x26blogName\x3dThe+Amazing+Trout+Blog\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://theamazingtroutblog.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://theamazingtroutblog.blogspot.com/\x26vt\x3d7427130160736514488', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

segunda-feira, julho 11, 2005

Um cabrão...

... é a única coisa que me ocorre dizer que este gajo é.


Lars Von Trier

Quem me conhece bem sabe que nutro há vários anos um ódio de estimação por este bicho raro. Ou um amor-ódio, talvez seja mais correcto dizê-lo em face dos últimos desenvolvimentos do affair. Conheço muito poucas pessoas que como eu tenham odiado Breaking the Waves, Os Idiotas e, sacrilégio dos sacrilégios, Dancer in the Dark. Sempre considerei Lars Von Trier um cineasta demasiado frio, calculista, despegado, uma espécie de Big Brother pornográfico das suas actrizes-mártires. Isto não tem nada a ver com génio, técnica ou arte. Era uma questão pessoal, sempre o deixei bem explícito. O facto é que nada nos filmes dele me compensava esta sensação de vazio e martírio oco esventrado e pendurado para exibição. Mas algo mudou.



Ontem, finalmente e com muito atraso, tirei três horas para ver Dogville. E o ódio foi suplantado por um filme extasiante, duro, pateticamente humano, de uma irreal verosimilhança, sarcástico, envolvido.



O já largamente discutido cenário cria sensações extraordinárias de realismo e simbolismo [a primeira violação, no espaço privado de uma casa, é na realidade pública, no genial plano que progressivamente abarca todas as paredes invisíveis de Dogville]. O argumento é embasbacante. A realização... bom, se há coisa que nunca achei foi que por ali faltasse génio. O desaparecimento do narrador corresponde à entrada na secção em que "Dogville bares its teeth", e a humanidade do relato cordial dá lugar à tal porno-frieza que tanto me repugnava, mas desta vez contextualizada de um modo que lhe redobra a força e a subversão.



Só regressa o narrador para o volte-face final. Que eu previra quase a 100% já a meio do filme, num relâmpago que descartei imediatamente por me parecer demasiado idiota. Mas Von Trier pega na minha idiotice e admiravelmente constrói uma grandiosa tragédia final. E, cabrão, filho da puta, coloca-nos a assistir absolutamente insensíveis e até com um sentimento de justiça, à execução de crianças em frente da própria mãe. Mas naquele momento o espectador é Grace. E deseja, ainda antes dela e talvez até mais fervorosamente, a vingança que lhe faça justiça. Sabem o que eu digo? Filho da puta, é o que é, se nas contas emocionais de Dogville, o estraçalhar de sete nojentos bibelots de porcelana doem mais que a morte de sete crianças. Mas tudo nasce da identificação total com a personagem. O que me leva a concluir: ou a minha sensibilidade à pornografia emocional desceu consideravelmente, ou Lars Von Trier saíu finalmente da cadeira de rodas e atirou-se à vida, para o meio das suas marionetas. E o resultado, resumindo e concluindo, deixou-me de queixo caído. Este é um filme absolutamente genial. Tenho dito.

E o Bowie como banda sonora das imagens da América profunda é simplesmente genial [não sei se já usei esta palavra neste texto...]. A chave de ouro, verdadeiramente.