Parto
Agora eu fui-me embora, embora, a dôr não quer ir já embora... mas este parto está feito, com dôr. Deixei-te longe, a túneis e avenidas de distância. Longe, a ti e a um grande, enorme pedaço de mim, arrancado de mim. Aguardemos, meu amigo, inimigo, amor, parceiro. Deixemos medrar um pouco o que hoje finalmente nasceu, até que ganhe força por si e por si se faça entender. O que quer que seja, é novo. E ambos sabemos que só pode ser melhor. O amor, esse, sei que, como eu, o sentes presente, ligando estes dois apartamentos ainda frios e ainda sem os nossos cheiros. No Porto se abalou. No Porto há-de pousar.
Dorme bem.