Manias e confissões
Fotografia de Manel da Truta
- Tenho a mania de que o Sombra é o meu alter-ego, um bocadinho de mim encarnado num andar felino forrado a pêlo preto, com uns grandes olhos amarelos cheios de ternura e inquietude.
- Tenho a mania de percorrer as ruas do Porto de auscultadores nos ouvidos e de olhar para cada esquina, coisa ou pessoa como se fossem elementos de um filme.
- Tenho a mania de que não sou feminina.
- Tenho a mania de que ninguém me compreende.
- Tenho a mania de que o tempo é escasso e por isso acumulo leituras paralelas e ansiedades várias por o dia não ter 48 horas para fazer tudo o que urge fazer.
- Confesso que tenho dificuldades em lidar com a minha timidez.
- Confesso que sou de extremos e oscilo perigosamente entre o estoicismo e a impaciência, entre a força e a vulnerabilidade, entre a ponderação e a impulsividade, entre a prudência e a inconsciência, entre o silêncio e o desbragamento, entre a felicidade e o desespero, entre a comunhão e a solidão.
- Confesso que gosto de fumar, sobretudo se for uma ganzita bem feita e partilhada.
- Confesso que sempre soube que o teatro era a minha vocação e a representação o meu caminho.
- Em aparente contradição com a confissão anterior, confesso que continuo sem saber para onde vou e isso não me preocupa nada.
Em apêndice, gostaria de acrescentar que confesso que gosto de falar com o K. ao domingo à tarde e que tenho saudades.
Passo o desafio ao meu mano Possante, ao Boss, ao Miguel e ao Zé Gato [confesso também que continuo danada por não conseguir abrir o Sete&Sismos].