Amigos
Os amigos sentam-se para me ouvir. Dão-me tanto a mim quanto eu a eles, e muitos nem se apercebem de tal. Os olhos atentos, os corações abertos, a ternura e a comunicação enchem o espaço entre mim e eles. Atentos, generosos, recebem de braços estendidos o que também para eles construí, o que para eles desvendo naquele mais ou menos nobre palco. O círculo de luz é tão forte que tudo o que tenta quebrá-lo nele esbarra e se frustra.
Tantas vezes, os amigos nem se apercebem do que fazem, do que protegem, do que embalam, do que alimentam.
E hoje, quando saí de casa, o sol inundou-me os olhos, pela primeira vez em muitas semanas. Os amigos nem sonham o que iluminam.