Fenómenos para-anormais
Entretanto, Durão Barroso e Martins da Cruz, no DN e na Antena 1, sacodem a água do capote, reclamando que não se pode julgar a sua acção de há três anos por aquilo que sabemos hoje. Pois não. Eu é que me vou dedicar à procrastinação, quiromâncias, tarots e astrologias. Pois se eu, que não sou sequer hiper-cidadã, quanto mais hiper-político, eu que não privo com o Coiso Bush, donde não tenho acesso aos melhores, mais invasores e fora-da-lei sistemas de informação do mundo, eu que basicamente me baseei no inspector de armamento a quem só o Jon Stewart dava ouvidos, EU SABIA que não havia porra de armas nenhumas, que os objectivos da invasão do Iraque eram tão evidentes quanto inconfessáveis, é porque há uma Cassandra dentro de mim. Mais vale assumir a vocação. O Zandinga ia para trás das balizas, eu posso ir para trás das cadeiras dos ministros soprar-lhes ao ouvido que estão a ser ingénuos, coitadinhos.
Seria tão aceitável como acreditar nas hiper-palavras destes hiper-robertos-de-feira.
Barroso defende ainda o "diálogo com todos os parceiros sociais franceses" no que respeita à lei do primeiro contrato de trabalho. Logo a seguir classifica esta lei como "reforma inelutável"... a Cassandra dentro de mim disse-me que está para breve a legalização do despedimento sem justa causa por estes lados também. A cidadã apenas teve vontade de cuspir nas linhas que acabara de ler. Diálogo para que o inelutável pareça unânime. À melhor maneira dos hiper-ditadores-disfarçados-de-democratas que dominam, parece que desde sempre, esta nossa hiper-[sur]realidade.