Há muito tempo que não citava um texto de outro blog, mas este...
Requiem em Fá menor
«Vinte euros? Isso são quatro contos.»
«É o Requiem em Ré menor... de Mozart...»
«Bem sei, mas ainda assim é caro. Nem sequer conheço o maestro. É russo?»
«Creio que é de um daqueles países novos, para esses lados, sim. Mas repare que este requiem é em Ré menor.»
«Ora essa. Há outro?»
«É singular que pergunte, porque de facto temos um em Fá menor.»
«De Mozart? Como é possível?»
«Caiu ao chão e ficou assim. Foi do choque na escala, deslocou uns meios-tons.»
«Hum. E isso é audível?»
«Audível, audível... depende da sua definição de audível. A soprano vê-se aflita, mas a contralto, o baixo e o tenor desenrascam-se bem. É outra tonalidade, decerto, mas o temperamento é o mesmo, está a ver? Pior seria se tivesse passado de menor a maior. Isso era logo lixo com ele. Assim pode ser que daqui a uns anos até valha dinheiro.»
«Hum. Em Fá menor...»
«Quinhentos paus.»
«Bom, vá lá. Para ouvir no carro.»
do Bandeira