Surpresas que o não são.
Conheci o Filipe Palma há ano e meio no Faial, e foi com ele que subi ao Pico, num dia que nunca esquecerei. O Filipe é uma pessoa que me fascina. Simples e inteligente, calmo e cheio de energia, de bem com a vida e ávido dela. Deliciei-me com os relatos dele sobre o Nepal -e com a forma singela como dizia que o povo nepalês é o mais feliz do mundo, não obstante as carências com que vive-, com a maneira ternurenta como falava dos périplos de bicicleta pelas Flores com as sobrinhas, com a vida que escolheu viver, abandonando o ensino para viajar e explorar, dar e receber, respirar e conhecer, conhecer conforto e desconforto. Abraçar o mundo e perder-se por dentro dele. Muito me tocou a prenda que me ofereceu no regresso à Horta, por ser testemunho da amizade que nasceu naquelas horas de esforço e de fascínio. Ontem peguei no Público e fiquei a saber que o meu amigo Filipe foi para a Antárctida de caiaque. Só tem três fósforos para três dias, mas isso não me preocupa, porque sei que não o preocupa. Sei que está feliz, sozinho, não no meio do nada, mas no meio de tudo. E por momentos, enquanto lia a última página do jornal, senti-me lá, com ele. E aproveitei para lhe deixar um beijo e toda a minha admiração.
Dá-lhe, Filipe!