segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Na Barraca, sábado 4 de Março às 23h30. A não perder, se quiserem tirar a limpo aquele meu post a modos que apaixonado de há uns meses atrás. Mariana Abrunheiro e Ruben Alves, desfiam Marias e música da melhor.
sábado, fevereiro 25, 2006
A pior forma de desigualdade é tentar fazer duas coisas diferentes, iguais.
Aristóteles
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Fotografia de Manel da Truta
- Tenho a mania de que o Sombra é o meu alter-ego, um bocadinho de mim encarnado num andar felino forrado a pêlo preto, com uns grandes olhos amarelos cheios de ternura e inquietude.
- Tenho a mania de percorrer as ruas do Porto de auscultadores nos ouvidos e de olhar para cada esquina, coisa ou pessoa como se fossem elementos de um filme.
- Tenho a mania de que não sou feminina.
- Tenho a mania de que ninguém me compreende.
- Tenho a mania de que o tempo é escasso e por isso acumulo leituras paralelas e ansiedades várias por o dia não ter 48 horas para fazer tudo o que urge fazer.
- Confesso que tenho dificuldades em lidar com a minha timidez.
- Confesso que sou de extremos e oscilo perigosamente entre o estoicismo e a impaciência, entre a força e a vulnerabilidade, entre a ponderação e a impulsividade, entre a prudência e a inconsciência, entre o silêncio e o desbragamento, entre a felicidade e o desespero, entre a comunhão e a solidão.
- Confesso que gosto de fumar, sobretudo se for uma ganzita bem feita e partilhada.
- Confesso que sempre soube que o teatro era a minha vocação e a representação o meu caminho.
- Em aparente contradição com a confissão anterior, confesso que continuo sem saber para onde vou e isso não me preocupa nada.
Em apêndice, gostaria de acrescentar que confesso que gosto de falar com o K. ao domingo à tarde e que tenho saudades.
Passo o desafio ao meu mano Possante, ao Boss, ao Miguel e ao Zé Gato [confesso também que continuo danada por não conseguir abrir o Sete&Sismos].
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Já sabem do que preciso... Merda!
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
domingo, fevereiro 12, 2006
Dia santo para os pombos da Ribeira. Domingo de sol significa tarde de turistas e o cais carregado de crianças e sacos de milho. Até o Douro se junta à festa, revolvendo espuma e garrafas de plástico ao fundo das rampas de pedra. O olho digital ficou em casa, em má hora, pois não há melhor ambiente para o paparazzo passar desapercebido, com gente de todos os tamanhos, feitios e pronúncias, de câmara, carteira ou saco de milho em punho. Cada click tem de ser feito, então, pela retina, para se esfumar da realidade meio segundo depois. O puto que salta do pino de amarração de cada vez que se se sente capaz de apanhar um pombo, para regressar ao ponto de observação após cada caçada frustrada. Um puto ainda mais puto a quem o pai dá uns estúpidos e brutos safanões para o conduzir ao ponto que considera privilegiado para atirar milho às pitorescas e piolhosas aves. "Grande besta", murmuro entredentes, os auscultadores nos ouvidos impedem-me de perceber se falei demasiado alto. Mas infelizmente ele não me ouviu. De sobrancelhas e lábios franzidos, a criança atira o milho com violência, às vezes contra os adultos que o acompanham, e só suaviza o gesto face ao meu riso ao ser bombardead@ também. Ri-se para mim, bonito e pueril. Com os olhos castanhos e grandes cheios daquela doçura da perplexidade infantil face ao inesperado olhar cúmplice e afectuoso de um adulto.
Mas se um destes dias, em vez de milho, começar a atirar palavras duras ou socos, todos ficarão surpresos, interrogando-se melancólicos sobre as razões de tanta agressividade.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
- Tu ainda não ouviste este disco, pois não?
- Qual, o Gould?
- Sim.
- Qual é a obra?
- As Variações Goldberg.
- Esse disco não, mas as Variações sim.
- Oh, se não tivesses ouvido nunca as Variações nem merecias estar vivo.
- Bem, quer dizer, a maior parte das pessoas nunca ouviu.
- A maior parte das pessoas, com acesso a discos, claro, não merecia estar viva. Mas quem é que disse que a gente tem o que merece?
Antes que me acusem de alguma abjecção, devo esclarecer que esta conversa não equivale a qualquer espírito político - bem pelo contrário -, senão ao mero plano humoristico-filosófico. Aliás, eu como bom fanático pythonesco vou já passar à auto-flagelação pelo simples facto de me sentir obrigad@ a esta ridícula explicação... :p
Se não fosse actriz, há muito que estaria internada.
Angelina Jolie
... eu gosto desta gaja, realmente, eheheh. Se bem que há dias em que me parece que é o palco que há-de conduzir-me ao hospício. Ou levar-me à redenção.
Numa geração, a "ofensa" que a sociedade-bem portuguesa expressa por o casamento já não ser exclusivamente heterossexual esfumar-se-ia por completo. Bem mais rapidamente, penso, do que a ofensa que a comunidade lgbt neste momento sente por ver que os sectores supostamente progressistas da sociedade portuguesa insistem em propôr um "casamento de segunda" para "relações de primeira", apenas por estas serem entre pessoas do mesmo sexo.
E que no que toca ao "sentir das sociedades" relativamente a direitos humanos e civis há muito que se lhe diga. Vemos o que se passa com a IVG neste arremedo de terceiro-mundo em que vivemos. E tremo só de pensar que alguém se tivesse lembrado de referendar, a seu tempo, a pena de morte, a escravatura, o direito da mulher ao voto, os casamentos inter-raciais, and so on, etc, und so weiter... e reticências.
O casamento não é coisa que deseje para mim. Mas acho inconcebível que a Teresa e a Helena tenham de andar de tribunal em tribunal, quando uma simples, rápida e cirúrgica mudança num artigo do código civil poderia reconhecer-lhes o estatuto que é o seu: casadas, cônjuges, mulher e mulher. Quem se ofende, que não olhe. De pequeninas ofensas moralistas e judiciosas não são os estados de direito feitos, mas as ditadurazecas.
A não perder, esta pequenina história da luta pela igualdade na indiferença, saída da sempre militante pena do Boss.
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
Na próxima 5ª feira, 9 de Fevereiro, pelas 15 horas, um grupo de cidadãos portugueses irá manifestar a sua solidariedade para com os cidadãos dinamarqueses (cartoonistas e não-cartoonistas), na Embaixada da Dinamarca, na Rua Castilho nº 14, em Lisboa. Convidamos desde já todos os concidadãos a participarem neste acto cívico em nome de uma pedra basilar da nossa existência: a liberdade de expressão. Não nos move ódio ou ressentimento contra nenhuma religião ou causa. Mas não podemos aceitar que o medo domine a agenda do século XXI. Cidadãos livres, de um país livre que integra uma comunidade de Estados livres chamada União Europeia, publicaram num jornal privado desenhos cómicos. Não discutimos o direito de alguém a considerar esses desenhos de mau gosto. Não discutimos o direito de alguém a sentir-se ofendido. Mas consideramos inaceitável que um suposto ofendido se permita ameaçar, agredir e atentar contra a integridade física e o bom nome de quem apenas o ofendeu com palavras e desenhos num meio de comunicação livre. Não esqueçamos que a sátira – os romanos diziam mesmo "Satura quidem tota nostra est" – é um género particularmente querido a mais de dois milénios de cultura europeia, e que todas as ditaduras começam sempre por censurar os livros "de gosto duvidoso", "má moral", "blasfemos", "ofensivos à moral e aos bons costumes". Apelamos ainda ao governo da república portuguesa para que se solidarize com um país europeu que partilha connosco um projecto de união que, a par do progresso económico, pretende assegurar aos seus membros, Estados e Cidadãos, a liberdade de expressão e os valores democráticos a que sentimos ter direito.
Crucifixion Supervisor: Next! Crucifixion?
Prisioner I: Yes.
Crucifixion Supervisor: Good. Out of the door, line on the left, one cross each. Next! Crucifixion?
Prisioner II: Yes.
Crucifixion Supervisor: Good. Out of the door, line on the left, one cross each.
Wiseguy: Uh, no, freedom actually.
Crucifixion Supervisor: What?
Wiseguy: Freedom for me. They said I hadn't done anything and I could go free and live on an island somewhere.
Crucifixion Supervisor: Oh I say, that's jolly good: Well, off you go, then.
Wiseguy: No, I'm just pulling your leg. It's crucifixion really.
Crucifixion Supervisor: [laughing] Oh, oh, I see, very good, very good. Well, out of the door...
Wiseguy: Yeah, I know the way, out of the door, one cross each, line on the left.
Crucifixion Supervisor: ...line on the left, yes, thank you. Crucifixion?
Prisioner IV: Yes.
Crucifixion Supervisor: Good.
Life of Brian
Precisava de um Kyrie gregoriano, por razões de trabalho. Lá fui dar a um site com mp3 e partituras. Lá vai parar então ao meu fiel creative o canto dos monjes beneditinos brasileiros. Curiosamente, sem qualquer desígnio superior, sem mão de dEus ou minha, sem destino, o belo Kyrie foi instalar-se logo logo a seguir ao Fado das Iscas. Dificilmente eu própri@ teria escolhido melhor, Acaso, eu te saúdo. Até os meus aparelhos electrónicos, qual B. du B., somente no altar amam os padres, eheheh...
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
CROWD OF WOMEN: [yelling]
JEWISH OFFICIAL: Matthias, son of Deuteronomy of
MATTHIAS: Do I say 'yes'?
STONE HELPER #1: Yes.
MATTHIAS: Yes.
OFFICIAL: You have been found guilty by the elders of the town of uttering the name of our Lord, and so, as a blasphemer,...
CROWD: Ooooh!
OFFICIAL: ...you are to be stoned to death.
CROWD: Ahh!
MATTHIAS: Look. I-- I'd had a lovely supper, and all I said to my wife was, 'That piece of halibut was good enough for Jehovah.'
CROWD: Oooooh!
OFFICIAL: Blasphemy!He's said it again!
CROWD: Yes! Yes, he did! He did!...
OFFICIAL: Did you hear him?!
CROWD: Yes! Yes, we did! We did!...
[...]
MATTHIAS: Look. I don't think it ought to be blasphemy, just saying 'Jehovah'.
CROWD: Oooh! He said it again! Oooh!...
OFFICIAL: You're only making it worse for yourself!
MATTHIAS: Making it worse?! How could it be worse?! Jehovah! Jehovah! Jehovah!
CROWD: Oooooh!...
OFFICIAL: I'm warning you. If you say 'Jehovah' once more--
[MRS. A. stones OFFICIAL] Right. Who threw that?
[silence]
Come on. Who threw that?
CROWD: She did! It was her! He! He. Him. Him. Him. Him. Him. Him.
OFFICIAL: Was it you?
MRS. A.: Yes.
OFFICIAL: Right!
MRS. A.: Well, you did say 'Jehovah'.
CROWD: Ah! Ooooh!...
[CROWD stones MRS. A.]
OFFICIAL: Stop! Stop, will you?! Stop that! Stop it! Now, look! No one is to stone anyone until I blow this whistle!
Do you understand?! Even, and I want to make this absolutely clear, even if they do say 'Jehovah'.
CROWD: Ooooooh!...
[CROWD stones OFFICIAL]
WOMAN #1: Good shot!
[clap clap clap]
Life of Brian - The stoning
terça-feira, fevereiro 07, 2006
If brains were french fries, Britney couldn't fill a Happy Meal.
via The Superficial
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
A melhor parte de fazer anos é poder comer doces à maluca, por isso ninguém melhor do que o Ch'Efe para hoje fazer o bolo que lhe apetecer e se alambazar com ele! Bem mereces, rapaz! Beijinhos!
domingo, fevereiro 05, 2006
Há três dias voou enfim pela janela a mais trágica bailarina do mais belo dos filmes.
Moira Shearer, 1926-2006
Um labrador negro, cachorrito e lindo de morrer. Muito sol. Mais cães. Muito puto, ou para usar melhor e mais castiço léxico, muita canalha. Antes de chegar ao snooze do relógio biológico, há qualquer coisa que se me escapa boca fora...
- Quero um cãããão... e um filho.
- É. Tudo menos um marido...
- Eeer... pois.
- Devias querer era juízo.
Os milénios de preconceitos e medos que se nos escapam em quatro palavras, ainda que saiam em tom de graça, não cessam de me surpreender...
Uma longa, saboreada, agri-doce digestão. Dois grandes filmes. Ainda me estou a recompôr.
sábado, fevereiro 04, 2006
Por que é que a TVI, nos "Morangos com Açúcar", foi buscar uma miúda de nome Joana Duarte para substituir a Benedita Pereira, que fazia o papel de... Joana Duarte?!
(resta felicitá-los pela substitução, porque esta é muito mais gira do que a tal Benedita, basta ver as fotografias amavelmente publicadas pela Truta Vermelha, aqui há uns meses!)
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
Conselho de Fiscalização e Júlio Pereira ouvidos dia 10 no Parlamento
Ainda por confirmar está a presença de Rão Kyao na semana seguinte.
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
...E não foram autorizadas. Como se esperava, mas não como se fosse inevitável. De acordo com alguns constitucionalistas, o dito conservador podia casá-las invocando a Constituição, embora numa óptica restrita a sua função seja seguir o código civil. Trata-se, portanto, de uma decisão. Pessoal. Não a primeira que Teresa e Lena tiveram já de enfrentar ao longo da sua vida em comum, apenas mais uma. Venha a próxima. Para elas é tão natural casarem uma com a outra que não vão, certamente, parar por aqui, na primeira etapa. Nós cá estaremos para as apoiar até à última.
Terminei o meu último artigo notando que o puritano é aquele que se horroriza com o facto de alguém, algures, procurar a felicidade de uma forma que ele não aprova. E acrescentei que o totalitário vai mais longe e tenta impedir que esse alguém, esteja onde estiver, faça algo que não afecta mais ninguém. A descrição serve tanto para o Islão como para o catolicismo: são dois exemplos de religiões totalitárias. E é pertinente neste caso: existe um preconceito social enraizado, de inspiração religiosa, contra os adultos que mantêm entre si relações sexuais que muito poucos praticariam, mas que não afectam mais ninguém. E existe uma resistência irracional, também de origem religiosa, a que essas pessoas oficializem perante o Estado uma união estável.
This type of legal marriage must be forbidden, said the Republican senator from Wisconsin, “simply because natural instinct revolts at it as wrong.”
An organization opposed to this type of marriage claimed that legalizing it would result in “a degraded and ignoble population incapable of moral and intellectual development.”
A U.S. representative from Georgia declared that allowing this type of marriage “necessarily involves (the) degradation” of conventional marriage, an institution that “deserves admiration rather than execration.”
“When people (like this) marry, they cannot possibly have any progeny,” wrote an appeals judge in a Missouri case. “And such a fact sufficiently justifies those laws which forbid their marriages.”
In denying the appeal of this type of couple that had tried unsuccessfully to marry, a Georgia court wrote that such unions are “not only unnatural, but … always productive of deplorable results,” such as increased effeminate behavior in the population. “They are productive of evil, and evil only, without any corresponding good … (in accordance with) the God of nature.”
A ban on this type of marriage is not discriminatory, reasoned a Republican congressman from Illinois, because it “applies equally to men and women.”
Nota: Todos estes argumentos foram proferidos para defender a proibição de casamentos inter-raciais. Reconhem-nos de algum lado?
Sugestão: Caso não concordem comigo mas não saibam como me responder, não se incomodem a pensar por vós próprios, podem fazer copy+paste directamente daqui.
Responsável do Serviço de Informações da República nega existência de uma nova secreta
O secretário-geral do Serviço de Informações da República Portuguesa, Júlio Pereira, que segundo a "Visão" de hoje está à frente de uma nova "secreta" criada por José Sócrates, declarou à Lusa que a notícia é "completamente falsa".
Olha o Júlio Pereira, hã?... Aquele bigode nunca me enganou!
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
É hoje que alguém numa conservatória vai tentar convencê-las de que não tem direito a casar com quem amam. É hoje que começa a segunda etapa da sua luta, que é de toda a pequenina sociedade portuguesa. Muita sorte e muita garra para as duas e para o seu empenhado advogado.
Sua mãe e eu
Seu irmão e eu
E a mãe do seu irmão
Minha mãe e eu
Meus irmãos e eu
E os pais da sua mãe
E a irmã da sua mãe
Lhe damos as boas-vindas
Boas-vindas, boas-vindas
Venha conhecer a vida
Eu digo que ela é gostosa
Tem o sol e tem a lua
Tem o medo e tem a rosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a noite e tem o dia
A poesia e tem a prosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a morte e tem o amor
E tem o mote e tem a glosa
Eu digo que ela é gostosa
Eu digo que ela é gostosa
Sua mãe e eu
Seu irmão e eu
E o irmão da sua mãe
Caetano Veloso, Boas-vindas
ou
Post caseirinho
Ouvir as sessões deste disco é ver um génio em directo, mãos frenéticas olhos dentro, de tanto penetrarem os ouvidos...
Porto, 1 de Fevereiro de 2006
Fotografias de Manel da Truta