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terça-feira, março 29, 2005

Diário de bordo v. 1.0
Algures entre Frankfurt e Hong Kong, 2 de Março

Lexotan ou Bloody Mary? A Vermelha está a inclinar-se para o Lexotan, mas eu tenho medo de cair redonda quando chegar a Hong Kong e passar um dia inteiro a dormir. Não quero perder nem um minuto desta viagem, por isso opto pelo Bloody Mary para me ajudar a passar mais confortavelmente este vôo interminável. A Vermelha deixa os Lexotans de lado e atira-se ao gin. E ao vinho tinto que nos servem com a refeição. E depois ao Baileys. Ok, péssima ideia, o álcool não me adormeceu e a Vermelha está inaturável. Está a dar um filme com a Gisele Bündchen e a Ana Cristina Oliveira. Tenho a cara às manchas por causa do ar condicionado e o cabelo cheio de electricidade estática. Parece um dos meus pesadelos...

Mas nestas viagens também há disto, que faz com que tudo valha a pena:
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Himalaias, fotografia de Truta Laranja

Bem... tudo, tudo talvez não. O filme é mau demais. Por que é que desta vez não ofereceram tapa-olhos?

Diário de bordo, v 0.2
Lisboa, 1 de Março

Aeroporto da Portela, dia da partida. Uma exposição de arte decorre no átrio dos check-ins. Um funcionário do aeroporto apanha-me a olhar para uma escultura e diz-me que tenho de a comprar, porque depois de eu ter olhado para ela, mais niguém a vai querer (?!).
A escultura é caríssima e dizem-me que vão descontar o seu valor ao meu bilhete para Hong Kong. Não tenho dinheiro para pagar a viagem e acordo, em pânico.

Por que é que os sonhos podem ser tão estúpidos?

segunda-feira, março 28, 2005

E porque o que se afirma e pratica é uma causa com efeitos...

...quando quiserem comprar um miminho de marca, ainda que seja feito de plástico, lembrem-se deste vídeo e passem ao lado das lojas Fátima Lopes e de todas as que defendem as peles verdadeiras.

domingo, março 27, 2005

Now is the spring of our [dis]content...

Muito sol e muita chuva, finalmente a chuva. Gatos e gaivotas e o nascer do sol sobre as caves de Gaia. Boa comida e pessoas e dias para os quais apetece acordar. Saudades do que se tem ao lado, confusão de emoções e impulsos em relâmpagos cortando a clareza das decisões. Amor e amizade misturados, baralhados, confundidos, amalgamados. E um teatro cheio de vida, um trabalho difícil e estimulante. Gente. Rica e generosa, logo, gente. Aprendizagem. Disponibilidade. Impulsos e olhares furtivos, exposição e defesas, lábios tocando-se de fugida, fugas de ar, ansiedades e gargalhadas, fugas para a frente, fugas para trás. Notícias inesperadas e, por que não dizê-lo, quase que chocantes. Mortes e nascimentos. Corpos e almas, mentes, relações, solidões, confusões.

É esta, deveras, a primavera do meu [des]contentamento.

quinta-feira, março 24, 2005

Diário de bordo, v 0.1
Lisboa, 27 de Fevereiro

Estou dentro do avião, finalmente. Odeio andar de avião (que original...). De repente, a hospedeira manda-nos apertar o cinto e começamos a ser violentamente sacudidos por uma tempestade. O avião tem de fazer uma aterragem de emergência numa ilha quase deserta, que apenas tem uma barraquinha onde se vendem cervejas.
Descubro que beber cerveja no meio de uma tempestade não é nada agradável.

Odeio sonhos pré-viagem...

quarta-feira, março 23, 2005

Ainda nas ruínas de S. Paulo

sentimos um cheiro adocicado no ar. O American Express diz que isto é proibidíssimo e que é indiferente o tipo de substância ilícita que se consome, é tudo igualmente crime. Mas ela não se rala e quase não dá por nós.

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Macau, fotografia de Laranja

Já que da última vez postei (sem querer) uma série de impropérios...

... não me digam que isto agora não é um claríssimo Xiang loves Liu Mei!

Fotografia de Laranja

Ruínas de S. Paulo, Macau, Março de 2005

segunda-feira, março 21, 2005

Felicidade

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando
Solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E o filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal
Pau a pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais


Elis Regina, Casa no campo, Zé Rodrix e Tavito

Parabéns, Rainha!



No dia 17 teria feito 60 anos, e eu sem poder vir aqui, dar-lhe os parabéns condignamente. Passei a data com a aniversariante, ainda assim, graças ao documentário que a 2 nos ofereceu, cheio de gratas recordações [Maria, Maria; Madalena e Upa, neguinho, memoráveis no Festival de Montreaux] e de imagens inéditas, grandes planos de rosto, olhos, mãos, vida e inquietação. Alguém disse, em tempos, que Elis era uma verdadeira suicida, não no sentido óbvio da palavra, mas por não ter medo de se entregar, de se lançar no abismo, talvez por sentir, nas suas próprias palavras, que isto não acaba por aqui, ou talvez porque os bichos vivem da única forma possível: entregando-se à vida, ignorando a morte, vencendo a morte. A Elis era um bicho, no melhor sentido da palavra. E hoje o que se ouve nas tantas e tão felizes gravações que deixou é esse amor selvagem pela vida e pela música, esse desprendimento e essa sensibilidade, essa generosidade total na apropriação de canções -que não escreveu mas que eram absolutamente suas pois se ela as compreendia como ninguém a quem mais poderiam pertencer?-, essa gargalhada avassaladora, esse choro contagioso, essa vida aos pulos dentro do peito.



A Elis recorda-me, sempre que disso necessito, que a vida é enorme e cheia e que me merece, merece o meu melhor. A voz e a música da Elis enchem-me de comoção e melancolia, raiva e vontade de sambar, subversão e construção. Desde a primeira nota que ouvi naquele timbre rico, suave e rasgado, carinhoso e violento, que sei que Com esse eu vou/sambar até cair no chão.



Parabéns, minha Rainha. O que eu gostava de ter podido apreciar os teus vivos sessenta anos...

sexta-feira, março 18, 2005

Graffiti

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Fotografia de Laranja

Macau, Março de 2005

quarta-feira, março 16, 2005

E em cima de um estrado...

... sob a protecção de um bom piano e frente a um público generoso e pronto a entrar na partilha, se viaja para o mistério onde os nossos sonhos se enraízam num qualquer Youkali. Obrigad@ a todos os que passaram no São Luiz ontem ao fim da tarde. Foi maravilhoso cantar para vocês.

C'est presqu'au bout du monde
ma barque vagabonde
errant au grés de l'onde
m'y conduisit un jour.
L'îlle est toute petite
mais la fée qui l'habite
gentiment nous invite
à enfaire le tour.

Youkali
c'est le pays de nos désirs
Youkali
c'est le bonheur, c'est le plaisir
Youkali
c'est la terre où l'on quitte tous les soucis
c'est, dans notre nuit, comme une éclaircie, l'étoile qu'on suit
c'est Youkali.

Youkali
c'est le respect de tous le voeux échangés
Youkali
c'est le pays des beaux amours partagés
c'est l'ésperance qui est au coeur de tous les humains
la délivrance que nous attendons tous pour demain.

Youkali
c'est le pays de nos désirs
Youkali
c'est le bonheur, c'est le plaisir.
Mais c'est un rêve, une folie
il n'y a pas de Youkali.

Et la vie nous entraîne
lassante, quotidienne
mais la pauvre âme humaine
cherchant partout l'oubli.
A, pour quitter la terre,
su trouver le mystère
où nos rêves se terrent en quelque Youkali.

Youkali
c'est le pays de nos désirs
Youkali
c'est le bonheur, c'est le plaisir.
Mais c'est un rêve, une folie
il n'y a pas de Youkali.


Youkali-Tango Habanera, Roger Fernay, Kurt Weill

segunda-feira, março 14, 2005

A pedido de várias famílias...

... e para não decidirem no escuro, aqui vai o programa do meu recital amanhã, às 19h, no Jardim de Inverno do São Luiz.

Teatro Municipal de São Luiz – Ciclo Jovens Cantores
Jardim de Inverno

Nuno Vieira de Almeida, piano

Arnold Schönberg, Brettl-Lieder [Cabaret Songs]
Galathea [Frank Wedekind, 1901]
Mannung [Gustav Hochstetter, 1901]


Kurt Weill
Youkali–Tango Habanera [Roger Fernay, 1935?]


Benjamin Britten, Cabaret Songs [W.H.Auden, 1938]
Tell me the truth about love
Johnny

________________________________

Kurt Weill
Schickelgruber [Howard Dietz, 1942]

Cole Porter
Beguin the Beguine [de Jubilee, 1935]

Noël Coward
Nina [de Sigh no more, 1945]
Alice is at it again [de Pacific 1860, 1946]

sábado, março 12, 2005

Poema anarquista sobre o absurdo do poder
ou
Parabéns senhor Sócrates, aceitai esta prendinha para comemorar a posse de vosso novo executivo. E boa sorte! [para nós, que não somos ministros, sobretudo...]


I
Todos os dias os ministros dizem ao povo:
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se-ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

II
É também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma de que se semearia centeio onde já havia batatas.

III
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
É só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

IV
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?


Bertold Brecht, Dificuldade de Governar

quinta-feira, março 10, 2005

Para reflectir sobre a terrível prepotência da imposição da vida... ou melhor, da não-morte.

Solo el análisis que hace el individuo a partir de sus circunstancias puede determinar el concepto de su própria dignidad. Solo la conciencia personal puede aceptar como digna y tolerable una circunstancia dolorosa que otra consideraria irracional, indigna y insoportable.

Ramón Sampedro, in Cartas desde el infierno, 1996

quarta-feira, março 09, 2005

Mulheres

Bem sei que ontem postei que não postaria. Mas a minha amiga Margarida enviou-me este poema por e-mail, e embora o conheça de ginjeira, toca-me sempre. Sobretudo considerando a data que passou ontem. Partilho o presente da Margarida convosco, já que como todas as coisas boas da vida, as palavras de Sophia saboreiam-se ainda melhor se partilhadas. Partilhadas, como a busca da justiça, que continua, sempre inacabada.

Catarina Eufémia

O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
e eu penso nesse instante em que ficaste exposta
estavas grávida porém não recuaste
porque a tua lição é esta: fazer frente

Pois não deste homem por ti
e não ficaste em casa a cozinhar intrigas
segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
nem usaste de manobra ou de calúnia
e não serviste apenas para chorar os mortos

Tinha chegado o tempo
em que era preciso que alguém não recuasse
e a terra bebeu um sangue duas vezes puro

Porque eras mulher e não somente a fêmea
eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste
e a busca da justiça continua


Sophia de Mello Breyner, in Dual

De Hong Kong, com amor.

Descobrimos HOJE que o hotel tem um computador com ligacao [com cedilha e til] internetica (nao ha acentos, so um monte de ideogramas giros).
Estamos mesmo, memo a chegar - se sobrevivermos a [acento grave] poluicao [cedilha e til] e a mais uma perigosissima [acento no i] viagem de barco de cinco minutos entre Kowloon e Hong Kong (ide ver ao mapa, nescios [acento no e]).

Beijinhos a todos!
Laranja e Vermelha, ou melhor, Salmao Desmaiado e Cor-de-rosa Palido...

terça-feira, março 08, 2005

Triste

O balanço é, provisoriamente, fraco. O resto da trutaria está toda em Hong-Kong e eu estou triste. Muito triste. Por isso parece-me que por uns dias a trutaria estará fechada para balanço.

Ou talvez não, que tristezas não pagam dívidas. As financeiras e as outras. Bom, de qualquer modo, não estranhem. Faz de conta que estamos encerrados para descongelação.

quinta-feira, março 03, 2005

Ó professohohohohorrrr... :D

Descobri, graças ao inefável Renas, que um dos homens da minha vida [não se assustem, tenho vários :p] já tem blogue! É um murcon de primeira, junta razão e coração como ninguém [credo, isto ainda soa tão mal, tantos anos depois], escreve bem que se farta, gosta de música e de poesia e faz-me pensar, rir e sentir todas as manhãs - e especialmente ao domingo por volta das 11h - numa peregrinação radiofónica em cujo fanatismo sou bem acompanhad@ pela nossa Vermelha - se querem saber o que é uma figura tola, imaginem o que passaram as nossas duas compinchas numa viagem de automóvel para o Porto num domingo de manhã enquanto eu e a Vermelha cantarolávamos feitas parvas o jingle do "O Amor é" e imitávamos o gargalhar embevecido do António Macedo [ver título deste post].

Seja bem-vindo, caro professohohohor! Sem dúvida, a blogosfera tem tudo a ganhar. Eu, pelo menos, já tenho mais uma visita diária fundamental a fazer.

Ciclo Novos Cantores - Jardim de Inverno - Teatro Municipal de São Luiz, Lisboa

Era uma vez um país onde existiam vozes, personalidades e artistas. Onde as escolas superiores de música que preparavam cantores para o ensino e para o vazio. Onde a única companhia de ópera fora dizimada há mais de uma década. E onde toda a gente gravava discos... a não ser que soubesse cantar, claro, aí tinha de se esforçar mais.

Ora neste país um pianista chamado Nuno Vieira de Almeida conseguiu, num teatro municipal, estabelecer um Ciclo de Jovens Cantores. Só que não há enchentes nem buzinas à porta, não se vendem pipocas nem coca-colas. Donde, é preciso mostrar que há público, mesmo antes de o construir. É preciso provar que Lisboa quer conhecer as novas vozes do país. É preciso que a música faça parte do quotidiano, a bem da saúde mental de cada um, a bem dos horizontes colectivos. É preciso, portanto, que eu esteja para aqui com esta conversa de chacha antes de vos informar que começa hoje a edição de 2005 [esperemos que não a última] do Ciclo Jovens Cantores no São Luiz. Acorrei, minha gente. Os tempos são de esperança e questionamento e a música ajuda a sentir e a pensar. Ora cá vai o programa.

3 de Março, quinta-feira
Ana Maria Pinto [um soprano do Porto, muito jovem, de quem só tenho ouvido dizer coisas boas] canta Schubert, Wolf, Mozart e Puccini

8 de Março, terça-feira
Pedro Teles canta Schubert, Schwanengesang [O canto do cisne]

15 de Março, terça-feira
Joana Manuel [que agora não estou bem a ver quem é] passeia pela primeira metade do século passado, com Schönberg, Britten, Weill, Cole Porter e Noël Coward

22 de Março, terça-feira
Susana Duarte [soprano que conheço muito bem e que, asseguro-vos, merece toda a vossa/nossa atenção, pelo talento, pelo rigor, enfim, façam favor de ir ver a miúda, ou quem perde são vocês] mergulha em Wolf e Debussy.

O piano está sempre a cargo de Nuno Vieira de Almeida. Os recitais começam todos às 19 horas. Já que o São Luiz não tem site, fica aqui a informação.

quarta-feira, março 02, 2005

Sem tempo para mais, tinha que vir cá dizer pelo menos isto...


Felipe González insistia sempre nisso: a economia não é neutra (nem amoral), não é uma "ciência exacta" onde todas as soluções são evidências matemáticas suprapolíticas. Ele governou Espanha uns anos largos, mais ou menos quando Cavaco Silva governou por cá. Um e outro fizeram reformas, mexeram. Não o fizeram com os mesmos pressupostos políticos nem com as mesmas receitas técnicas. E não me parece, olhando agora para os dois países, que González tenha tido menos sucesso do que Cavaco. Bem pelo contrário. Mais riqueza, sim, mas também riqueza mais distribuída. Mais eficácia de gestão, sim, mas sem o afã privatizador que parece ser a única (e milagrosa) solução para todos os males do sector público. Rigor financeiro, sim, mas atenção social.
Foi para isso que Sócrates e o PS receberam tantos votos: para nos provarem que é possível pensar diferente e fazer diferente, na política mas também na economia. Porque a economia não é território exterior à política. Aliás, nada é...


Joaquim Fidalgo, jornalista. A ler o artigo na íntegra, que bem merece. Porque tudo é uma questão de escolha. Porque é vão clamar que há departamentos imunes à política. Porque é preciso tomar em mãos os nossos destinos. Porque é preciso saber topar os mentirosos, sobretudo quando eles se querem alimentar do nosso trabalho e das nossas carências. Porque os contos da carochinha, já os devíamos conhecer de cor. Porque há muito que nos dizem, mentindo, que os tempos são outros.

terça-feira, março 01, 2005

E já que falei nele...

...aqui vai uma das obras-primas da minha vida.


Georges De La Tour, Maria Madalena e a Lamparina de Azeite

É este o resultado da falta de bons psicólogos para fazer orientação vocacional nas escolas...

Ontem deu-se, na RTP 1, uma espécie de debate absolutamente surreal, a partir do Código Da Vinci, sobre a Igreja e o papel das mulheres. É extraordinário ver a cara de pau com que a padralhada se contradiz consecutivamente [a unção não tem nada a ver com Maria Madalena, é tudo folclore, só faltou dizerem que a Maria Madalena foi inventada pelo De La Tour para fazer companhia à lamparina], como metem os pés pelas mãos, como até parece, com as mentiras e verdades enviesadas que contam, que não conhecem minimamente a história da própria igreja que representam. Não sei bem se é triste se é divertido...

Mas a estrela é sempre o Abominável Coiso das Neves. Estamos perante um verdadeiro Buster Keaton da teologia. O homem diz as maiores piadas do mundo com o ar mais sério, compenetrado e beato do mundo. Por exemplo: "Se fizessem um livro como o Código Da Vinci sobre o Nelson Mandela em vez de sobre Cristo, era um escândalo internacional" [ainda há pouco tempo vi um excelente documentário sobre o Mandela em que se falava de tudo, do tribalismo, do boxe, das várias mulheres, enfim, estes verdugos da esquerda não querem é fazer nada, que eu cá não ouvi protestos nenhuns...]. Mas melhor ainda foi a punch line do sketch : "Nosso Senhor avisou os cristãos de que iam ser perseguidos, nós já estamos habituados...". Num país que ainda sofre os efeitos de séculos e séculos de uma Inquisição impiedosa e que ao fim de mais de um século de estertor ainda se recusa a morrer, por mais pontapés que leve na cabeça, sair-se com uma afirmação destas, reconheçamo-lo, é de um verdadeiro génio da comédia. Ó Horácio!!! Como é que ainda não te lembraste de o levar ao teu programazito, para fazer pandam com o Fernando Rocha?!