<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://draft.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5669356\x26blogName\x3dThe+Amazing+Trout+Blog\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://theamazingtroutblog.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://theamazingtroutblog.blogspot.com/\x26vt\x3d7427130160736514488', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

sexta-feira, abril 28, 2006

Laranja e os desportos radicais

É verdade, eu não desisto. Nem depois do aparatoso acidente que envolveu um truto, uma truta e uma bicicleta num parque de estacionamento vazio...

Aconselho os menos corajosos a refugiarem-se emcasa nas próximas 3 horitas... just in case!

Amanhã é abanar o esqueleto no São Luiz!



Rav'Ormance ~ espectáculo de cabaret rave com performances de artistas internacionais vindos de norte a sul de Portugal para celebrar o Dia Mundial da Dança no Jardim de Inverno do Teatro Municipal de São Luiz.
APRESENTAMOS Baile Cigano, das 23.30h à 1h da madrugada, com o poli-instrumentista Alberto Cowboy ~ vídeo de Rosa Varrejon
PERFORMANCES Amálio - Aranhito - Caladotti - Claire de Lune e Fernand Mignon e Vic Vaporoug - Dionisius - El Paella - Electrospeed - Il Sugar Diva - Jesus Prozac - Las Hermanas Cantero~Mimiana e Maricarmen Flores - Mariquinhas e Jai Li - Miss Stress or Dance - Nick Name - O Tom e a Tona - Sharika
DJ's The Hooker - Vítor Alves - Gonçalo Siopa VJ's Hanabi
Entrada 6 Euros ~ oferta de uma bebida

quinta-feira, abril 27, 2006

Dias de liberdade [ou Revolução 5]


Roma, Outubro de 2005
Fotografia de Manel da Truta


A libertação é um exercício quotidiano.

quarta-feira, abril 26, 2006

A voz nas vozes [ou Revolução 4]

Ao fim de uma jornada de trabalho, o primeiro 25 de Abril a trabalhar de manhã à noite, o segundo sem sentir no corpo aquela tremenda energia que enche a Avenida, da Liberdade ela mesma, sem cantar abraçada a alguém acabado de conhecer ou a um amigo, irmão ou conhecido de longa data. Sem cravo no cabelo. Passo no meu inescapável Renas e vou parar a esta página. Antes de mais, queria agradecer ao Boss, pelo seu post A Internacional Grândola Vila Morena - o título aqui reproduzido por inteiro pelo simples facto de o achar maravilhoso - que me emocionou [e me fez rir também] e me acordou a memória física dessa energia que tanta falta me fez. Naturalmente, agradeço, acima de tudo, ao elidiez por recolher e publicar estas preciosidades. Ouvir novamente a poderosa Grândola de Charlie Haden, aquelas vozes tão sul-americanas da versão chilena, e, muito especialmente, a tocante e tão próxima versão galega, é um doce modo de dizer "Bom dia!" ao trigésimo terceiro ano da nossa revolução. E de ver viver ainda hoje um músico livre e genial chamado José Afonso.

terça-feira, abril 25, 2006

Revolução três



Fala a sério e fala no gozo
Fá-la pela calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu-béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar
Fala com elegância - muito e devagar.


Fala grita sussurra hoje e sempre!


Alexandre O'Neill, devidamente pontuado pelo meu Puto

Revolução dois

Um 25 de Abril ao menos uma vez por ano!...


recebido por sms

Revolução um

Não estamos em tempo de "25 de Abril Sempre!", mas em tempo de "25 de Abril novamente, por favor!"

agradecimentos à amora com aroma

quinta-feira, abril 20, 2006

Ora bem...

Se eu fosse um mês, seria: Julho.
Se eu fosse um dia da semana: Sábado.
Se eu fosse uma hora do dia: 10 da manhã, num Sábado.
Se eu fosse um planeta ou astro: Neptuno.
Se eu fosse uma direcção: Para cima.
Se eu fosse um móvel: Banco de cozinha.
Se eu fosse um líquido: Sopa. Se eu vivesse sozinha alimentava-me quase exclusivamente de sopa (mas daquelas de pacote, tipo “canja knorr com aletria”, ou simplesmente um caldo knorr de galinha dissolvido em água, com umas massitas e um ovo escalfado, que deve ser o meu prato favorito). Ainda bem que não vivo sozinha…
Se eu fosse um pecado: Era a leitura de jornais. Decididamente. Não passo sem o meu pecado matinal de leitura de jornais…
Se eu fosse uma pedra: Pedra-pomes. Muito levezinha, e tal, mas arranha que se farta.
Se eu fosse uma árvore: Oliveira.
Se eu fosse um fruto: Pimenta (deve ser um fruto, tem cara disso… e se for semente há-de estar dentro do fruto, fazendo parte integrante do mesmo, o que me permite usá-la como resposta a isto)
Se eu fosse uma flor: Coentro (aquelas florinhas branquinhas que aparecem nos coentros por alturas de Maio ou Junho)
Se eu fosse um clima: 28º, céu parcialmente coberto por nuvens altas.
Se eu fosse um instrumento musical: Trompa. Parece-me ser o instrumento mais acarinhado pelo seu instrumentista, abraçam-na enquanto estão a tocar e tudo… aquilo é uma ternura.
Se eu fosse um elemento: Seria um elemento de uma banda de rock, a baixista, talvez.
Se eu fosse uma cor: Laranja (duh!)
Se eu fosse um bicho: Um biltre de cauda curta, daqueles pequenitos, com o peitinho amarelo… são uns amores! A Vermelha é que os imita bem… “griiiiiii”. Mesmo patuscos!
Se eu fosse um som: Tunc.
Se eu fosse uma música:I think I’m Paranoid”, Garbage
Se eu fosse um estilo musical: Pop japonês.
Se eu fosse um livro: Calvin & Hobbes: “A Noite da Grande Vingança”, Bill Watterson
Se eu fosse uma comida: Arroz de marisco (com poucas cascas).
Se eu fosse um lugar: o sítio onde está a minha cama.
Se eu fosse um gosto: Coentros.
Se eu fosse um cheiro: Manjericão.
Se eu fosse uma palavra: Calheta
Se eu fosse um verbo: Desfobar.
Se eu fosse um objecto: … eu sou um objecto… às vezes… err… qual é a próxima pergunta?...
Se eu fosse uma parte do corpo: O fígado.
Se eu fosse uma expressão facial: Sobrancelha direita ligeiramente subida, a esquerda franzida, e os cantos da boca apertados.
Se eu fosse uma personagem de desenho animado: O Peninha. O que eu adoro o Peninha e o Biquinho!!
Se eu fosse um filme: Mary Poppins ou Mulholland Drive, dependendo dos dias.
Se eu fosse uma forma: Um trapézio.
Se eu fosse um número: 4.
Se eu fosse uma estação: 96.2 FM
Se eu fosse uma frase: “When you tell a story… have a point.”

terça-feira, abril 18, 2006

Momento verdadeiramente Zen do dia

Dia de sol, coisas para fazer, mas pouca vontade. Um sushi vem mesmo a calhar ao estômago ainda preguiçoso e às papilas já despertas, na razão oposta da conveniência desejável à carteira. O Porto é a cidade onde mais vezes cheirei as classes altas. Que querem, as relações mudam o estilo de vida, nos dias em que o jantar é oferecido ou o cartão multibanco é cego, e de qualquer modo um bom japonês é um bom japonês e no Porto são mais raros que em Lisboa [saudades do meu Assuka...]. O serviço simpático e bom, o ambiente calmo, e o orgástico fondant de chocolate após uma orgia de wassabe são outros atractivos que me fazem de quando em vez fechar os olhos à dor de alma da factura. Nunca me arrependi. Algum dia havia de ser o primeiro.

Para não variar, o meu almoço foi tardio, mas em boa companhia. O restaurante foi vazando, e pelas três da tarde restávamos nós e um pequeno grupo de meninos da Foz que já foram mais meninos. O primeiro incómodo foi a sensação crescente de que estávamos num canto da copa lá da quinta, a almoçar discretamente enquanto os senhores bebiam uns cafés e fumavam uns cigarros. As vozes a subirem descontroladamente, os risos afectados mas alarves, a total invasão daquele espaço que não era só deles. A estúpida [porque ilógica] estupefacção face à impositiva conversa, veio depois. Três tias crucificavam piedosamente outra tia pela educação do seu rebento. Começou tímida, cada interlocutora procurando na outra a cumplicidade indispensável à boa condução de tal especulação. Cresceu desenvergonhada após meia-dúzia de passos tacteantes, numa avalanche de julgamentos e má língua entrecortados com exclamações do género "eu até sou uma pessoa que gosta de crianças activas, mas aquilo ultrapassa todos os limites" ou "eu nem gosto de fazer juízos de valor, mas...". Porque a criança não tinha respeito nenhum por nada, porque a culpa era dos pais, que não tinham mão nela, mas sobretudo da mãe, que tinha mais tempo que o pai, que trabalhava muito. Aliás, um dos problemas é que nenhum deles tem tempo, porque ambos trabalham. Atalha o macho ao balcão de cigarro em punho que não são uma família convenientemente organizada, se o fossem, como acontece na dele, não era preciso que os dois trabalhassem. Todas concordam. Eu também concordo, o pai podia perfeitamente ficar em casa, ainda por cima pelo que todos dizem, está bem precisado de descansar desse emprego que lhe rouba tanto tempo que nem lhe permite educar o próprio filho. Posso dizê-lo, graças a esta conversa tive demasiados orgasmos de wassabe mal sucedidos, e só por milagre um dos moragos do fondant não foi parar à narina direita da tia loira. Concentração, é o que é preciso. E um desejo ardente de que aquelas tias sejam mesmo tias, na acepção antiga da palavra, e que nenhum puto deste mundo sofra a desventura de ser por elas educado. Ao macho nem vale a pena desejar tal coisa, que macho que é macho, naquela idade, já deve ter semeado um ou outro por aí. Antes semeasse orégãos.

No fim daquele espectáculo de má-língua conservadora, moralista, retrógrada e chauvinista, e após alguns olhares desagradados que os fizeram baixar um pouco os decibéis, junta-se ao grupo o pintas que gere o restaurante. Não lhes pede para baixarem o volume, antes se lhes junta com o mesmo tipo de gargalhada, o mesmo tipo de conversa de chacha, mas desta vez sobre futebóis e concertos de sósias, talvez sobre descapotáveis e babes, ou sobre o Cavaco, não sei, fiz por não ouvir tudo. Lição do dia: este restaurante não serve para almoçar, mas, mais importante ainda, urge adoptar outro japonês na Invicta. Devoções são devoções, mas sacerdotes manhosos, não, obrigad@.

domingo, abril 16, 2006

Sequenza

Na Antena 1, uma corrente estranha de notícias. Estudos recentes falam das subidas médias de temperatura devido ao efeito de estufa e da razia de populações dentro de poucas décadas, sobretudo devido às dificuldades crescentes no acesso à água potável. Encadeada, a notícia de que os mais variados tufões e furacões continuam a fustigar o EUA. Não estou a defender uma relação directa. Mas de alguma forma parece ouvir-se ao fundo a natureza cantando... solvet saeclum in favilla.

Do lado do sol

A Rua das Flores foi, há um ano e durante três saboreados meses, eixo do meu quotidiano entre a Ribeira e Cedofeita. Também eu a percorria do lado do sol, com ou sem música nos ouvidos, com algumas escalas ora na pequena Igreja da Misericórdia, ora frente ao palacete dos Maias, ou apenas com o sol na cara e o ar do rio insinuando-se, o cantar do Porto misturando-se com o berrar das gaivotas.

Nunca me cruzei com essa sombra de bloco na mão. Mas, coincidentemente, tenho dado por mim a pensar várias vezes na aparente morte em vida que algumas demências aparentam ser. E ao observar um dos muitos exemplos que povoam as ruas do Porto, senti uma súbita e não totalmente nova admiração misturada com compaixão. Parece um lugar escuro, a negação, um lugar de morte. Mas é por vezes a escolha de uma consciência que recusa viver com o buraco negro deixado por uma perda insuportável, que recusa por essa perda ser transformada, desencantada, amargurada. Seca. Talvez para alguns espíritos, e face a algumas perdas, a loucura não seja um preço demasiado alto.

sexta-feira, abril 14, 2006

Cliché do dia... que por ser cliché não deixa de ser uma grande verdade... o que é em si mesmo um cliché

O que não me mata só pode fortalecer-me.

o título só é tão grande porque se tornou numa homenagem ao Mike Leigh, eheh...

quarta-feira, abril 12, 2006

Pensamento do dia


O estado deste país resulta de um descontrolo agrícola: excesso de nabos e falta de tomates.

recebido por e-mail, risonhos agradecimentos à nossa amora com aroma...

segunda-feira, abril 10, 2006

Ai...

Desculpem, não encontrei melhor título - e sinceramente nem me dei ao trabalho. Serve o presente apenas para vos falar um pouco da entrevista que Carlos Fragateiro, novo co-director do D.Maria II, deu à Visão em conjunto com o co-director José Manuel Castanheira [fonâmbulo para sonâmbulos, em constante tentativa de equilibrar na sua vara de esteta do teatro o pato-bravo que insiste em nela pousar]. Não é que me apeteça dissertar sobre isto. Mas há umas pequenas coisinhas que têm absolutamente de ser sublinhadas.

A primeira é que, ao contrário do que afirmou e reiterou no Expresso [ver por onde nadava a truta há três meses...], a programação para este ano não se mantém. Os Praga [ou, como surge escrito na Visão, o Teatro de Praga, sendo que Praga, neste caso, fica ali mesmo ao lado do Campo de Santana], como companhia marginal que são, até podem preencher uma Culturgest, mas nunca uma Sala Garrett sob a égide de CF. Os espectáculos no Salão Nobre são fait-divers, donde, também foram à vida. Foi-se, pois, a promessa de manter os compromissos assumidos para este ano, com a maior cara de pau, como se o contrário não tivesse sido afirmado ipsis-verbis e repetidamente. Bom, seja...

A segunda é que CF vem dizer que um dos grandes defeitos da direcção de António Lagarto é que os dois teatros nacionais viviam de costas voltadas. Presume-se que com CF as coisas devam mudar. E para começar, CF traz em Julho ao Rossio, o Don Juan de Molière que há uma ano apresentou o Teatro do Bolhão, enquanto o São João traz na mesma altura ao São Luiz o Dom João de Molière que foi estreado no TNSão João em Fevereiro e será reposto a partir de 18 deste mês de Abril. E isto é não estando de costas voltadas. Mas parece-me que também não estão de frente... ainda devem estar só de lado.

Por fim, e isso sim, preocupa-me de sobremaneira, novamente a ficção nacional - onde se fazem os piores textos de que há memória e que alegremente continua a trabalhar na calcificação das sinapses dos portugueses - essa ficção nacional dos Morangos com Açúcar, do Dói-me quase Tudo e outros títulos tirados das piores canções de casino que a pseudo-pop-beta portuguesa nos tem dado, essa ficção continua a ser brandida como exemplo pelo director do TNDMII. E para acompanhar o prato, só mesmo a defesa dos espectáculos feitos no Trindade sobre os textos de Freitas do Amaral. Textos maus, para maus espectáculos com má direcção de actores. Sinceramente, isto preocupa-me. Só posso esperar que o que Castanheira não disse exista na mesma, trabalhe e dirija na mesma e compense os chorrilhos de palavras vazias que preenchem o discurso do director designado para o nosso primeiro Teatro Nacional.

Acreditem-me, eu desejo o melhor. Mas o horizonte do teatro institucional português mantem-se um ringue de tachos e panelas tentanto a todo o custo não perder a tampa. Nada de espantar, no entanto. Pois se o teatro é o retrato do país, então pode dizer-se, como do país se usa dizer, que temos o Teatro que merecemos.

sábado, abril 08, 2006

Plasticina

Já fui ao TeCA há mais de uma semana, mas o meu estado assim-pó-deprimido impediu-me de escrever fosse o que fosse. Exprimir em palavras as imagens que Nuno Cardoso vê nos textos tão particulares que escolhe é cansativo e redutor. Falar da soqueira que Maksim [João Melo] molda com raiva para sempre usar apenas contra o ar e esmagar contra o chão. Da claustrofobia de um cenário em ruínas em que casas e ruas se confundem para tudo se traduzir no oposto do espaço aberto que em concreto está no palco. Do abanão que foi para mim a cena em que Maksim, o saco de porrada, recusa a ajuda de uma desconhecida numa fila para votar onde se dá carne picada, o eu desintegrado que está debaixo dessa reacção de animal cujo instinto desorientado faz correr para a morte e recusar o abrigo. O teatro duro e bruto. O mergulho obstinado no lixo que nos sustenta o chão, em Moscovo ou na Musgueira. O recusar da fuga.

Enfim, o que importa mesmo é que esteve no TeCa e eu não vos disse nada. Mea culpa.

Não sou surrealista, apenas pinto a minha própria realidade.


O autocarro [1929], o momento antes, a placidez desavisada, iminente o choque que Frida diz que é mentira, que não se sente.

Há emoções incomparáveis. Sou privilegiad@, nesse ponto, passei por esta muitas vezes, na Tate, no Rijcks, na National Gallery, na Royal Academy of Arts, na Gulbenkian, no Chiado, em Serralves. A emoção de ver o braço, a mão, a energia do génio na textura da pincelada que define uma pequena pérola em redor do pescoço da figura retrada. A presença física desse gesto e o súbito espraiar em direcção ao infinito de todas as sensações que as incontáveis cópias e fotografias tinham despertado. Há qualquer coisa de muito palpável frente a uma obra de arte, ela mesma, qualquer coisa para além do que se pode concretizar e definir: a textura, o relevo, a pincelada, os "defeitos" e idiossincrasias. Tudo é concreto, mas tudo se completa no maior dos abstractos, numa aura que sustenta a tela, numa corrente que se enlaça em quem olha. Hoje, finalmente e ao fim de tantos anos, conheci Frida. E apaixonei-me novamente.


A minha ama e eu [1937]

A exposição do CCB por seu lado, traz ao de cima todos os defeitos daquele que se esperaria ser um dos melhores e mais cosmopolitas espaços de arte do país. Basta dar metade de meia-dúzia de voltas por alguns museus da Europa para se ficar deprimid@ com este. Os quadros protegidos por enormes montras de acrílico, poço de reflexos que estragam a fruição a qualquer ajuntamento de mais de pessoa e meia [bastava uma simples barreira a proteger os quadros que originalmente não têm vidro de protecção, opção a respeitar a todo o custo]. Um vídeo de 51 minutos que não está sujeito a qualquer tabela de horários. Funcionários que arregalam os olhos em pânico quando alguém se lhes dirige em busca de uma informação, o filme?, ah, não sei se já começou há muito ou não, não tem horários marcados, aaargh, não me pergunte nada, ninguém me disse nada, eu não sei nada e atiraram-me para aqui com esta farda, por favor, tenha piedaaaaaaade. E, já me tinha avisado a Violeta, toda a informação do catálogo da exposição muito bem explicadinha ao lado de cada obra. Curiosamente, as fotografias, documentos que, esses sim, faria todo o sentido estarem bem acompanhados de uma explicação biográfica, estão expostas sem grande - ou mesmo qualquer - informação adicional. A arte da artista em questão, por seu lado, está pedagogicamente explanada ao lado de cada quadro, a simbologia, as ligações biográficas. Sim, serei livre de ler ou não ler, mas custa-me imaginar uma exposição de um grande mestre num grande museu com toda esta justificação. Ou, imaginemos, uma peça de teatro em que, durante as cenas, surgem legendas explicando o simbolismo de um gesto, de um adereço, de uma palavra. Para palavras, bastam as que Frida inscreveu em algumas obras. O resto que nos quis dar não o deu em palavras. As explicações dos "entendidos", por muito entendidas que sejam - e gostei, honestamente, destas -, não devem ter lugar ao lado da arte que pretendem traduzir, o seu lugar é o catálogo da exposição, ou uma folha de apoio. Por uma questão de respeito pela obra de quem fez, pela liberdade e pela inteligência de quem olha.


Auto-retrato com macaco

sexta-feira, abril 07, 2006

Bem a propósito da Páscoa

"É perigoso conviver com pessoas que deixaram a igreja, diz papa"
O papa Bento XVI fez nesta quarta-feira um alerta aos católicos contra as pessoas que deixaram a igreja.

"Quando o perigo de perder a fé é latente, é um dever cortar qualquer comunicação com pessoas que tenham se afastado da doutrina católica", disse o papa aos 30 mil fiéis congregados na praça São Pedro por ocasião da tradicional audiência geral de quarta-feira no Vaticano."

Juro que pensei que este tipo de coisas já não se usava. Achei eu que, nos tempos que correm, teria de existir um maior respeito pelos católicos.

quarta-feira, abril 05, 2006

Inglesa ou americana? Não, não, pop art toda...

Who Should Paint You: Andy Warhol

You've got an interested edge that would be reflected in any portrait
You don't need any fancy paint techniques to stand out from the crowd!
What Artist Should Paint Your Portrait?


É bem. Aquela primeira pergunta - e a relação intensa que mantenho com as minhas sobrancelhas - ainda me puseram a pensar na Frida. Mas para efeitos psico-terapêuticos, neste momento o Warhol convem-me mais, de facto. Ainda por cima a imagem escolhida é de um dos meus grandes ícones. Ou seja, o dia começou bem. Sim, porque acabou de começar, eheheh...

Bem-vinda, Azul!

Blog under maintenance até às quatro e meia. Reduzid@ ao Edit Posts do Blogger, não posso comentar o teu regresso senão com esta pequena desova. Tenho saudades tuas!

Casa

Passeio por Lisboa, de nariz no ar, admirada com o amor que esta cidade me desperta após tão longo - e algo doloroso - afastamento. Já cheira a primavera, o odor das tílias já se adivinha no ar. E eu, acabada de limpar por mãos mais sábias que as minhas, encho os pulmões de conforto e serenidade. Esburacada e mal-tratada, como eu, a minha cidade recebe-me de braços abertos e faz-me sentir plena novamente. E deixa-me reencontrar-me em cada esquina. Junto os calcanhares das minhas botas pretas e repito interiormente que there's no place like home. O furacão não tem força para mim. Eu sim, tenho a força do furacão.

terça-feira, abril 04, 2006

A culpa, caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós mesmos
ou
Algumas coisas são mesmo a preto e branco...





(...) We must not confuse dissent with disloyalty. We must remember always that accusation is not proof and that conviction depends upon evidence and due process of law. We will not walk in fear, one of another. We will not be driven by fear into an age of unreason, if we dig deep in our history and our doctrine, and remember that we are not descended from fearful men - not from men who feared to write, to speak, to associate and to defend causes that were, for the moment, unpopular.

(...) We can deny our heritage and our history, but we cannot escape responsibility for the result. There is no way for a citizen of a republic to abdicate his responsibilities. (...) we cannot defend freedom abroad by deserting it at home.

The actions of the junior Senator from Wisconsin have caused alarm and dismay amongst our allies abroad, and given considerable comfort to our enemies. And whose fault is that? Not really his. He didn't create this situation of fear; he merely exploited it -- and rather successfully. Cassius was right. "The fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves."

Good night, and good luck.


Edward R Murrow

Aaaahhhh... nada como um teste para nos levantar a auto-estima!

You Are Barney

You could have been an intellectual leader...

Instead, your whole life is an homage to beer

You will be remembered for: your beautiful singing voice and your burps

Your life philosophy: "There's nothing like beer to give you that inflated sense of self-esteem."
The Simpsons Personality Test

domingo, abril 02, 2006

No dia em que fiquei cego, decidi tornar-me fotógrafo


Reims, Janeiro de 2006
Fotografia de Manel da Truta


Quando ceguei decidi ser fotógrafo.
O que me levou a tomar esta decisão foi (após prolongado período de escuridão absoluta) a quantidade de imagens surgidas no meu espírito.
Primeiro, desfocadas, sem contornos nem volume; depois, a pouco e pouco, os elementos que as compunham definiram-se, tornaram-se reconhecíveis.
Pude ver, enfim, o que o meu espírito criara; e nenhuma das imagens (pelo menos que me lembrasse) se pareceia com as que, porventura, vira antes de cegar.

Resolvi pedir auxílio a C. - descrevia-lhe com minúcia o que pretendia fotografar.
Se era uma paisagem, por exemplo, pedia-lhe que me encontrasse uma, em tudo semelhante àquela por mim descrita.
C. passou a ser o meu olhar.
Mas C., não podia ver a minha paisagem, e eu jamais saberia se a fotografia era igual, ou parecida, à que desejara fotografar. E, se por acaso, descrevesse a mesma paisagem a B. (e não a C.) pedindo-lhe para, em seguida, me descrever a que via impressa no papel, apercebia-me de que não coincidiam em quase nada.
As paisagens de C. eram, sempre, diferentes das minhas. B. confirmava o que eu já suspeitava.

Apesar de tudo, continuei a trabalhar. Viajava na companhia de C. - íamos à procura dos lugares e das coisas que eu queria fotografar.
Dessa época, uma das fotografias (talvez a minha preferida) era de um grande rigor e simplicidade. Uma estrada sumia-se na curva do horizonte, e a linha branca da estrada terminava num ponto situado no centro da folha.
Embora C. me dissesse que, numa das bermas da estrada havia uma árvore. Não me recordo se lhe tinha falado numa estrada com uma árvore. É pouco provável.
Mas nada disto tem grande importância. A verdade é que eu não podia ver se havia ou não uma árvore na fotografia. E C. também não podia confirmar a existência duma árvora dentro da minha cabeça.

Certo dia pedi a C. que me indicasse como fotografar areia. Grandes extensões, de areia ou de água, de céu vazio.
B., ao ver uma fotografia dessa série, disse:
- Não está aqui quase nada. Algumas sombras, um pouco de luz e formas indefinidas.
Soube, nesse instante, que tudo começara a não coincidir - e - dentro e fora de mim.
Nunca mais precisei de C., nem de B. - desatei a fotografar sem ajuda. Escolhia o que desejava fotografar pelo tacto e pelo olfacto. Apontava a objectiva para o céu, para a água ou para as areias - disparava com a certeza de que as imagens que não via coincidiam com as que via.
Assim, ao fim de algum tempo, o que estava fora de mim passou a ser igual ao que estava dentro de mim - Luz e Sombra.
E foi com Luz e Sombra que iniciei, no papel, a construção da minha biografia.

Al Berto