Pista...
Parece que alguns têm este aspecto. Eu cá continuo a achar que ou é mito ou isto é uma patente recente e ultra-sofisticada, guardada a sete chaves num armazém ultra-secreto e cuja utilização teria repercussões inimagináveis no modo de vida do comum-terrestre. Mas não desistam de procurar. Lembrem-se: The truth is out there...
*uma coisa posso garantir-vos: aquele do Lg. do Carmo era um holograma, escusam de procurar por lá, que os verdadeiros conspiradores não deixam pistas...
**isto ele há coisas do demo... então não é que as imagens dos pilhões desaparecem com a publicação?... parece que é mesmo um caso de x-files.
Fera solar
Fotografias de Manel da Truta
Diz que três é a conta que o outro fez. Eu também acho. Os equilíbrios mudam-se, as relações de poder mitigam-se. Ou melhor, espero que assim venha a ser, uma vez que a primeira destas imagens é recorrente no convívio com as doces feras já instaladas.
Mas sabe muito bem acordar, passar a mão neste delicioso pelo amarelo e dizer,
Bom dia, Sol.
Mudança de casa - parte II.
Não tenho sinal de televisão. Como o prédio não tem antena, não tenho outro remédio senão ligar para a TV Cabo e pedir que me dêem acesso aos 4 canais nacionais. Como os senhores da TV Cabo são muito simpáticos, oferecem-me os quarenta e tal canais, durante 3 meses, à borla, e eu aceito – primeiro erro. Dizem-me que vão lá no dia 28, da parte da manhã, e eu fico à espera deles – segundo erro – porque, como já toda a gente sabe, eles não aparecem logo à primeira. É como que um ritual de iniciação para aqueles que abdicam de uma vida cheia de paz, sossego e alguma cultura para introduzir nas suas casas aquele monstro com um écrã cheio de electricidade estática e programas manhosos. Toda a gente conhece este ritual de iniciação, mas não o partilha, sofre-o sozinho porque é mais fácil suportar a vergonha de ter escolhido esta via se não se contar àqueles que permanecem puros, lindos e cultos, sem televisão em casa. Aqueles entreolham-se, na rua, reconhecem-se no ar abatido, nas olheiras cavadas e no olhar vazio, de quem ficou até às 5 da manhã a ver episódios repetidos do “Quem sai aos seus” e/ou o programa da Oprah Winfrey. Mas nunca divulgam o ritual de iniciação pelo qual tem de passar quem escolhe o lado das trevas, o da TV por cabo. A vergonha é uma coisa tramada.
Telefono para a TV Cabo e pergunto por que é que não apareceu lá ninguém. Dizem-me que deve ser engano meu, não ficou marcado para dia 28 mas sim para dia 30. Tremo. Percebo que tudo faz parte de um plano, e sei que no dia 30, se eu ficar outra vez à espera dos senhores, eles não vão aparecer e me vão dizer que eu estou maluca, que não ficou ninguém de lá ir nesse dia. Atenta aos sinais, tento recuar. Digo-lhes que já não quero TV Cabo, explico por que é que acho que a televisão é um elemento pernicioso e que só queria poder ver as notícias, de vez em quando, mas que não faz mal, posso perfeitamente ler os jornais. Sujo um bocado as mãos, mas não faz mal, até cria anticorpos. Eles desligam.
A seguir, tentam atacar por outra frente e arranjam o número de telefone do meu truto. Desta vez disfarçam-se de senhores da Netcabo. Dizem que têm uma promoção fantástica, não pagamos nada e oferecem-nos o modem, a instalação e um ano de TV Cabo, com os quarenta e tal canais, a pagar só 12 euros e tal. Fixe, pensa ele, tadito, também sem conhecer este perigoso mundo das trevas por cabo, e aceita – terceiro erro.
Umas horas depois, os senhores da TV Cabo / Netcabo voltam a ligar-lhe e dizem-lhe que afinal não pode ser, porque nós já temos TV Cabo. O meu truto explica que não, que cancelámos, mas que afinal já queremos outra vez. Eles fingem perceber e marcam a instalação para dia 7 de Janeiro, 4.ª Feira. Só umas horas mais tarde é que ele percebe que dia 7 é uma sexta. Pânico. Estará a ficar senil? Cheio de medo de voltar a enfrentar os senhores, pede-me para ligar. E eu ligo – quarto erro.
“Devido ao enorme fluxo de chamadas, o tempo de espera para ser atendido pode ser superior a 5 minutos”. Meia hora depois, atendem. Tento explicar a situação, mas só ouço risos abafados, do outro lado. Penso que deve ser impressão minha e continuo. Dizem-me que vão fazer um novo contrato de TV Cabo para me poderem oferecer a tal promoção, mas... “ooops, isso vai ser impossível, porque você ainda não tem a TV Cabo instalada”. “Mas... mas... ainda ontem disseram que eu não tinha direito à promoção precisamente porque pensavam que eu já tinha a TV Cabo instalada”. Afinal a promoção já não é à borla, custa € 25 e ainda me fazem vista grossa. Ah, e esquece lá os tais 3 primeiros meses à borla de que me falaram primeiro, as promoções são incompatíveis entre si. E “incompatíveis” quer dizer que, se eu tiver direito às duas ao mesmo tempo, não posso usufruir de nenhuma. Na verdade nem é bem assim, este senhor agora diz-me que aquela dos 3 meses de que me falaram ontem já caducou. E esta dos 25 euros que antes era de borla tá a ser muito complicada, porque afinal era preciso eu não ter TV Cabo mas ter uma data agendada para irem lá montar aquilo. “Ligue para o apoio ao cliente e marque uma data, depois peça para falar comigo”. E eu, quase hipnotizada, ligo (não digam nada, ok? liguei, pronto!). Volto a falar com ele: “Ok, já está, 8 de Janeiro!” “Muito bem” diz ele “foi um parto difícil mas o bebé é lindo” (no comments). Aguarde só um momento que vou introduzir aqui no sistema a modalidade de netcabo que a senhora pretende... só um instante.... hmm... oooops! Isso vai ser impossível! Era preciso que ainda não fosse cliente da TV Cabo, e eu vejo aqui que até já tem uma data marcada para a instalação...” AAAAAArrrrrrrghhhhh!!
Desligo. Mas sei que eles virão atrás de mim. Temo o pior.
Mudança de casa - parte 1
À quarta é de vez! Depois de terem faltado à primeira e de terem chumbado a instalação à segunda é à terceira, os senhores do gás lá nos aprovaram tudo o que é preciso para tomar banhos quentinhos!
Primeiro disseram-nos que havia uma fuga. O construtor do prédio mandou lá o senhor que arranja essas coisas e o respectivo supervisor, que disse que não havia fuga nenhuma. Depois foi lá outra equipa do gás, que disse que havia uma fuga (por coincidência, no mesmo sítio da primeira, apesar de eu não lhes ter dito nada). O supervisor do senhor que arranja essas coisas continuou a dizer que não havia fuga nenhuma. A contragosto, lá ficaram o dia inteiro a testar as canalizações (até foi bom, faltei ao trabalho mas fiquei a saber tudo sobre as capacidades isolantes do teflon), até que o operário (não o supervisor) encontrou a tal fuga e arranjou-a. Hoje foram lá os senhores do gás e disseram que já está bom, mas o supervisor do senhor que arranja os canos voltou a dizer que não havia fuga nenhuma, que os senhores do gás é que têm instrumentos de medição marados.
Será que é porque se paga 5 contos de cada vez que a inspecção do gás é feita e eles não querem assumir a culpa ou será só um conluio para me endoidecer?
Coming up next: Truta Laranja e seu respectivo truto empoleiram-se perigosamente num banquinho de madeira enquanto tentam montar um casquilho no tecto da sala, porque ainda não decidiram comprar candeeiros e já estão fartos de carregar os abat-jours da mesa de cabeceira para todo o lado onde vão.
Eu cá gosto é de rafeiros...
Claro que eu TINHA de fazer este teste,
Tiago. :D
You are a Random cat! Also known as an alley cat
or a mutt. You aren't given to high-falutin'
ways, but you're accessible and popular.
People love you for who you are, not what you
are.
What breed of cat are you? brought to you by Quizilla
Nem precisava de ter feito este teste, bastava falar com uma pessoa que eu cá sei...
Your Element Is Fire |
Your passion and emotion are as obvious as the brightest flame.
You make sparks fly, and your passion always has the potential to burst out.
You are exciting and creative - and completely unpredictable.
You sometimes exercise control, and sometimes you let yourself go.
Friends describe you as sensitive, spirited, and compulsive.
Bright and blazing with intensity, you seem mysterious and moody to many.
|
*visto
aqui.
Qualquer semelhança entre o barbeiro judeu
e o ditador Adenoide Hynkel é pura coincidência
Hope... I'm sorry but I don't want to be an Emperor - that's not my business - I don't want to rule or conquer anyone. I should like to help everyone if possible, Jew, gentile, black man, white. We all want to help one another, human beings are like that.
We all want to live by each other's happiness, not by each other's misery. We don't want to hate and despise one another. In this world there is room for everyone and the earth is rich and can provide for everyone.
The way of life can be free and beautiful.
But we have lost the way.
Greed has poisoned men's souls - has barricaded the world with hate; has goose-stepped us into misery and bloodshed.
We have developed speed but we have shut ourselves in: machinery that gives abundance has left us in want. Our knowledge has made us cynical, our cleverness hard and unkind. We think too much and feel too little: More than machinery we need humanity; More than cleverness we need kindness and gentleness.
Without these qualities, life will be violent and all will be lost.
The aeroplane and the radio have brought us closer together. The very nature of these inventions cries out for the goodness in men, cries out for universal brotherhood for the unity of us all. Even now my voice is reaching millions throughout the world, millions of despairing men, women and little children, victims of a system that makes men torture and imprison innocent people. To those who can hear me I say "Do not despair".
The misery that is now upon us is but the passing of greed, the bitterness of men who fear the way of human progress: the hate of men will pass and dictators die and the power they took from the people, will return to the people and so long as men die [now] liberty will never perish...
Soldiers - don't give yourselves to brutes, men who despise you and enslave you - who regiment your lives, tell you what to do, what to think and what to feel, who drill you, diet you, treat you as cattle, as cannon fodder.
Don't give yourselves to these unnatural men, machine men, with machine minds and machine hearts. You are not machines. You are not cattle. You are men. You have the love of humanity in your hearts. You don't hate - only the unloved hate. Only the unloved and the unnatural. Soldiers - don't fight for slavery, fight for liberty.
In the seventeenth chapter of Saint Luke it is written " the kingdom of God is within man " - not one man, nor a group of men - but in all men - in you, the people.
You the people have the power, the power to create machines, the power to create happiness. You the people have the power to make life free and beautiful, to make this life a wonderful adventure. Then in the name of democracy let's use that power - let us all unite. Let us fight for a new world, a decent world that will give men a chance to work, that will give you the future and old age and security. By the promise of these things, brutes have risen to power, but they lie. They do not fulfil their promise, they never will. Dictators free themselves but they enslave the people. Now let us fight to fulfil that promise. Let us fight to free the world, to do away with national barriers, do away with greed, with hate and intolerance. Let us fight for a world of reason, a world where science and progress will lead to all men's happiness.
Soldiers - in the name of democracy, let us all unite!
Look up! Look up! The clouds are lifting - the sun is breaking through. We are coming out of the darkness into the light. We are coming into a new world. A kind new world where men will rise above their hate and brutality.
The soul of man has been given wings - and at last he is beginning to fly. He is flying into the rainbow - into the light of hope - into the future, that glorious future that belongs to you, to me and to all of us. Look up. Look up.
Fica o que ele diz,
naif e irrefutável, esperança de séculos dos que escolhem pensar e sentir. Porque se me ponho a falar do filme e do que me faz sentir de cada vez que o revejo, não saio daqui hoje - e ainda a madrugada é uma criança. A ingenuidade, o desafio inconsciente do barbeiro alicerçado na amnésica noção de que é um cidadão com direitos e de que há limites para a boa-educação, a luta sob a janela de Hanna, o rosto de Hanna, ou melhor, o rosto de Paulette Goddard, a dança húngara da navalha ao som de Brahms, o número de Hynkel com o seu balão-mundi, o corpo livre de Chaplin, os olhos livres de Chaplin, a mente livre de Chaplin. Ora eis um homem por quem me apaixonava enquanto o diabo esfrega um olho...
Ministério da Cultura, 11h, 27 de Dezembro
Exigimos o pagamento imediato dos apoios pontuais ao teatro
ainda em 2004. Quem está solidário deve comparecer amanhã, no Palácio da Ajuda pelas 11h da manhã.
*recebido por sms; trata-se de uma ilegalidade indesculpável e inadmissível; se puderem, por favor, compareçam, por todos nós, não só pelos profissionais afectados.
Meditação de Natal 2.0
A grande diferença entre o 25 de Dezembro e outro dia qualquer é que noutro dia qualquer eu ainda não estou bêbad@ pela hora do almoço.
[Está melhor assim, Vermelhita? ;)]
Meditação de Natal
A grande diferença entre o 25 de Dezembro e outro dia qualquer é que noutro dia qualquer não se está já bêbado pela hora do almoço.
E o presente de Natal da Netcabo é que não consigo mandar e-mails...
Portanto, para os amigos e visitantes da Truta, e especialmente para os meus queridos
João,
Efe,
Katraponga,
Tiago e
Panascas, a cujos simpáticos votos não pude responder, aqui vão os votos cá de casa!
Amigos!
O Billy, o Sombra e agora também o Sol [que por estar ainda em adaptação, requis a maior discrição], juntamente com os ateus humanos com quem graciosamente partilham o seu território, desejam-vos um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de boas festas onde e quando quiserem.
Muitos beijos para todos e votos de dias bonitos, com gente que amam, muita felicidade... e o menos de neura possível. ;)
Feliz Natal, senhor Godot
Como alguns de vós saberão por alguma comunicação social, alguns de nós -actores, autores, encenadores, produtores- reunimo-nos hoje à porta do Ministério da Cultura exigindo uma solução para o eterno problema dos subsídios pontuais ao teatro. Pessoalmente, parece-me que estamos todos bem representados pela comissão
ad-hoc, composta por gente como o Luís Castro e a Cristina Carvalhal. Serão recebidos amanhã às nove da manhã, pela secretária de Estado Teresa Caeiro
[ninguém me tira da ideia que há ligação entre este desenfreado consumo natalício de material militar e o congelamento dos subsídios, esta secretária que ia para ali, mas afinal vai para aqui, hmmmm, aqui há gato...], depois de hoje lhes ter sido permitido falar com um acessor
[e um banco corrido para estes senhores/ como é que se chamam?/ Ah! acessores!...].
O caso é kafkiano. Caso andem distraídos, devo lembrar que andamos a discutir os subsídios de 2004, que deveriam ter sido pagos, o mais tardar, em Março. Ao que parece, há histórias de recursos sucessivos, providências cautelares, confusões e diz-que-disse. E entretanto chegámos a 23 de Dezembro. Os mais variados grupos já cumpriram a sua parte, endividaram-se, trabalharam "para aquecer", por amor à sua arte, realizaram espectáculos, entregaram ao público e à crítica aquilo que muitos não adivinham de onde vem -da vontade, do amor, da teimosia, da capacidade de criação e de trabalho. À custa de muita saúde, física e, não raras vezes, mental. É um acto imenso de generosidade narcísica, ou de narcisismo generoso, se quiserem. Em Portugal, comentávamos alguns à mesa do café, mais do que generoso, é quase um acto de narcisismo masoquista.
Eu não gosto de pensar assim. Sem dúvida, é preciso espírito de sacrifício. Sem dúvida, é muito difícil viver sempre no arame, tantas vezes vacilando entre as redes a espaços salvadoras, a espaços lamacentas e repulsivas. É uma profissão, mas também uma forma de estar na vida. Quando não o é, vê-se nos olhos. E o palco é implacável para com os olhos dos actores. Em Portugal trata-se muito mal a arte. O que não é de estranhar, infelizmente, é a marca dos países pequenos, não em tamanho mas em espírito. E o caminho para a incultura incrementa-se apressado, com o degradar da educação e com o desprezo pela criação. O caminho inexorável para o nascer de uma massa de escravos acríticos e de rebeldes sem causa.
Tivemos, no meio disto tudo, o Sr.Cunha e Silva a desbaratinar, dizendo que não haverá subsídios para 2005, sendo repreendido por Maria João Bustorff
[será que este também se demite do lugar de demitido?]. Livrem-se de pregar partidas dessas. É a vida de muita gente e a vida do teatro português que está em jogo. Embora todos já saibamos que aqui a cultura está descaradamente posta de lado. O espírito, a sensibilidade e a inteligência, estão postos de lado. Nós, como gente inteira, estamos postos de lado. Que surpresas nos trará Fevereiro? Espero que não seja melhor pôr a esperança de lado...
Fogo
Carne Assada, 31 de Dezembro de 2003
Fotografia de Manel da Truta
Solitude, not loneliness...
Praça de São Marcos, Veneza, Abril de 1999
Fotografia de Manel da Truta
Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.
Álvaro de Campos,
Frescura
Aqui estou em casa, posso usar palavrões à vontade
Na televisãozita da sala de espera da União Zoófila lá acompanhei o tempo de antena do PSD acerca do qual já tinha lido no
Miguel. Tenho umas perguntitas para todos os que, como eu, tiveram a infelicidade de pregar os olhos na RTP1 àquela hora:
1. Fui só eu que senti aquele exercício de resposta múltipla, algures entre um teste americano e a Amiga Olga, como um insulto à minha inteligência?
2. Não acham incrível que o Louçã apareça quase tanto como o Santana, se não contarmos o mui iluminado discurso final?
3. Não acham incrível que o Louçã apareça mais do que o Sócrates, o suposto adversário directo e co-responsável pelas catástrofes socialistas que deixaram o país de tanga, segundo a conversa tantas vezes repetida que até parece que é verdade?
4. Não vos pareceu às vezes que a campanha era para a Câmara Municpal de Lisboa ou, para ser mais correcto, que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem?
5. Não acham romanesco que eles tenham aparente orgulho no que têm feito em Lisboa?
6. E não acham que alguém devia aconselhar o Santana a usar a palavra "Amor" com parcimónia? É que até agora só nos foderam, amor ainda não vi nenhum...
Trabalhos de casa
Podem fazer o download da imagem grande
AQUI e enviar a toda a gente que conhecem. Também podem enviar às lojas que vendem estes produtos. Pesquisem e chateiem muito.
E nem de propósito...
...cá temos
um bom exemplo do melhor que o ser humano é capaz de fazer para se livrar de um problema. Havia eu de morar em Peniche e tinham de me levar às mais altas instâncias para me obrigar a pagar multas ou a deixar de alimentar algum animal vadio se eu assim o decidisse. Coima de um décimo do salário nacional! Isto é de loucos, punir as pessoas por ajudarem animais. Que mais faltará nesta mentalidadezinha de falsa superioridade para juntar gente às tradicionais vítimas da festa brava para que enfim se escute de novo
Mortituri te salutant!? Desobediência civil, é o que estas aberrações merecem como resposta.
O endereço da Câmara Municipal de Peniche é:
cmpeniche@ip.pt, o número de fax é o 262 780 111 e o de telefone é 262 780 100. Em baixo têm a minuta sugerida pela
Animal, se quiserem fazer-se ouvir.
Exm.º Senhor Presidente da Câmara Municipal de Peniche,
Soube ontem, através de uma notícia do “Correio da Manhã”, que a Câmara Municipal de Peniche aprovou uma medida que pretende aplicar uma sanção de cerca de 36 Euros a quem, por compaixão e solidariedade, quiser alimentar os cães e gatos abandonados que vivem no concelho de Peniche, ajudando-os, desta forma. Se o problema do abandono de animais de companhia é já algo que envergonha Portugal enquanto país que se quer civilizado, e se a falta de resposta das autarquias para resolver este problema sem matar animais é, em rigor, um sintoma de subdesenvolvimento que urge curar, a verdade é que a notícia desta medida aprovada pela autarquia a que V. Ex.ª preside é, mais do que um sinal de incivilidade, uma cruel agressão aos animais que já foram vítimas do mal que é o abandono, assim como é uma agressão a todas as pessoas que, em justiça, se preocupam com eles.
É por esta razão que, na qualidade de cidadã/o de Portugal, escrevo a V. Ex.ª para lhe dirigir um claro e forte apelo para que revogue esta medida de imediato, permitindo que os animais abandonados sejam alimentados e procurando antes estabelecer parcerias com associações de protecção dos animais para encontrar boas soluções de adopção destes animais, atendendo ao dever moral de os proteger e à importância de, ao mesmo tempo, preservar a saúde pública e higiene urbana. Caso esta medida não seja levantada, estou, na raiz das minhas convicções e pela força da minha indignação, na disposição de me dirigir a Peniche para, com muitas outras pessoas que comigo partilham este sentimento de repulsa, fazer sentir o meu protesto de outro modo.
Crendo que V. Ex.ª acederá aos firmes apelos que aqui lhe deixo,
Aceite os meus melhores cumprimentos,
Nome:
Cidade:
E-mail:
Adenda - outros contactos da Câmara Muicipal de Peniche:
Câmara Municipal: cmpeniche@cm-peniche.pt
Presidente da Câmara: presidente@cm-peniche.pt
Actividades Económicas e Ambiente: pelouro.activ.economiicas@cm-peniche.pt
Gabinete de Imprensa: gab.imprensa@cm-peniche.pt
Tenho de me juntar ao Miguel nesta celebração...
...tiro-lhe o chapéu e dedico-lhe a gargalhada cheia de gosto que me arrancou. :)
Pequenas músicas nocturnas
Carne Assada, 1 de Janeiro de 2004
Fotografia de Manel da Truta
Isn't it rich?
Are we a pair?
Me here at last on the ground,
you in mid-air.
Send in the clowns.
Isn't it bliss?
Don't you approve?
One who keeps tearing around,
one who can't move.
Where are the clowns?
Send in the clowns.
Just when I'd stopped opening doors,
finally knowing the one that I wanted was yours,
making my entrance again with my usual flair,
sure of my lines,
no one is there.
Don't you love farce?
My fault, I fear.
I thought that you'd want what I want -
sorry, my dear.
But where are the clowns?
There ought to be clowns.
Quick, send in the clowns.
What a surprise.
Who could forsee
I'd come to feel about you what you'd felt about me?
Why only now when I see that you've drifted away?
What a surprise.
What a cliché.
Isn't it rich?
Isn't it queer?
Losing my timing this late in my career?
And where are the clowns?
Quick, send in the clowns.
Don't bother - they're here.
Steven Sondheim,
A little night music
Este Inverno
não deixem que o frio entre nos vossos corações.
Apelo-vos para que não apoiem a indústria de venda de peles de animais. Não está na moda, é cruel, e implica um enorme sofrimento para os animais que dão a vida pela vaidade de quem compra roupas e acessórios feitos com pêlo e pele de animais.
Este ano, ciente de que cada vez existe uma maior consciência ecológica, de sã convivência entre todas as criaturas que habitam o planeta, a indústria de peles lançou-se numa desesperada campanha de nos fazer crer que o uso de pelagem de animais é "chique" e que transmite uma imagem de sofisticação e riqueza. Sabemos que isso não é verdade, e que a única imagem que isso transmite é a de pobreza de espírito, de crueldade, e de ignorância por todo o sofrimento que a compra de uma peça de peles de animais implica.
Por isso vos peço que não comprem peles de animais. Não promovam a manutenção desta indústria de horrores.
Nota 1: Como exemplo dessa campanha, posso citar-vos o programa "corte e costura", apresentado por Liliana Campos, que ontem foi transmitido na Sic Mulher. Várias personalidades da televisão filmaram um "clip de moda" que tinha como elemento comum e constante o uso de casacos de peles, acessórios de peles, estolas, chapéus, e até o próprio animal inteiro, morto, enrolado ao pescoço da modelo, ainda com patas e
cabeça. Rita Seguro, Ana Marques, Fátima Lopes, Sofia Morais, Rui Unas, toda uma equipa de produção de um programa, e ninguém achou razoável mostrar algum respeito pelo sofrimento a que estes animais estão sujeitos.
Nota 2: Para mais informações acerca dos tratamento a que os animais estão sujeitos, visitem o site http://www.furisdead.com
Basileia, Janeiro de 2004
Fotografia de Rodrigues
Eu não sou bairrista, só acho que Portugal devia acabar em Valongo!
Descansadinh@ a tomar o meu pequeno-almoço depois de um dia a pão, chá e guronsans, passo os olhos pela última página do Comércio do Porto. O tema do dia, que aliás ocupa metade do jornal [anda bem esta cidade, se não tem mais nada com que se preocupar] são os mais recentes mimos entre Rio e Pinto da Costa [dai-me paciência...]. Mas eu achei graça foi a outra coisa: o director do jornal, Rogério Gomes, escreve a linhas tantas que dos produtos emblemáticos do país, quatro são do Porto ou da região norte - o FêCêPê, o Vinho do Porto, o Mateus Rosé [iuk] e... a cortiça. Ok, meu amigos, bem sei que os Amorins são cá de cima, mas imaginam a minha cara alentejana a olhar para aquilo... atão nã querem lá ver que os nossos sobrêros só servem mesmo para sombra?
O cúmulo da irresponsabilidade...
... eerr... apanhar uma bela buba de vodka a seguir a uma estreia quando se tem espectáculo no dia seguinte. E o cúmulo do sofrimento é o resultado... fazer o espectáculo com um ressaca monstra, daquelas acerca das quais há anos que digo: Nunca mais! Para ajudar,
a wonderful foggy day in O'Porto town, totalmente desperdiçado num quarto de hotel. É no que dão as noites de Maus Hábitos...
O cúmulo do alívio é o espectáculo ter corrido muito bem, sabe-se lá como.
[suspiro... é nestas alturas que tenho pena de não ter um emprego normal, para poder dizer que estou doente, baldar-me e pronto... é tão duro ser artista, buáááá!]
Deixa cá ver se eu percebo...
Orçamento do Estado para 2003, artigo 4.º - Alienação de imóveis
(...)
2 - As alienações de imóveis afectos aos serviços do Estado e aos serviços dotados de autonomia financeira e com personalidade jurídica processam-se, preferencialmente, por hasta pública, nos termos e condições definidos pelo Despacho Normativo n.º 27-A/2001, de 31 de Maio.
3 - Podem ser efectuadas vendas de imóveis por ajuste directo, mediante despacho de autorização do Ministro das Finanças, desde que a hasta pública tenha ficado deserta, as quais se processam nos casos previstos no despacho normativo referido no número anterior, e nos termos e condições aí definidos.
15-12-2004 - 07h26:
Governo deixa cair hasta pública para venda de imóveis do Estado
15-12-2004 - 19h52:
Ministério das Finanças desiste de venda directa de património
16-12-2004 - 15h46:
Morais Sarmento: recuo na venda de património é um "gesto responsável"
Ahn... ok, sai mais um exercíciozinho com o lápis azul, agora com a Constituição da República Portuguesa:
Tu perdoa-me, Manel, mas isto já nem se pode chamar de "casamento libertino"... eu chamava-lhe outra coisa, mas o pudor impede-me de o fazer!
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, afirmou ontem que se nas próximas legislativas o PSD e o PP tiverem, juntos, mais votos do que o PS, mesmo que este seja o mais votado, devem ser os dois partidos a formar Governo.
O PSD e o PP «vão somar no dia seguinte às eleições», completou Portas, sublinhando que «o importante é saber se conseguem formar uma maioria de direita na Assembleia da República». Caso o consigam, devem formar Governo, mesmo que o PS seja o partido mais votado, sustentou, em entrevista à RTP1.
Qualquer comentário que eu pudesse fazer a esta notícia não conseguiria transmitir o que eu sinto por estes sabujos sem vergonha. A coligação que não é coligação porque o for tem menos votos, afinal já é coligação se, depois de contados os votos que se conseguiram a mais por não haver coligação, os resultados derem o Governo do país à coligação e não a cada um dos partidos isoladamente.
Tenham vergonha.
Para os grandes senhores deste pequeno mundo
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
António Gedeão,
Poema para Galileo
As sumidades de cá de baixo
Ia fazer um post sobre o assunto, mas tenho pouco tempo para me alongar sobre o fabuloso parecer da Ordem dos Médicos relativamente ao aborto. Entre outras coisas, a verdadeira questão aqui é que nós mulheres não somos gente, não somos cidadãos, porque o facto de termos um útero e sermos férteis transforma-nos num mero caso clínico e reprodutivo. E não me venham falar da vida esses senhores para quem a vida e a moral só são importantes quando a sua defesa é, em si mesma, uma violação da liberdade individual de alguém. Ainda me lembro do que se escreveu no
Renas há uns tempos: na realidade são apenas pró-vida fetal, porque com a guerra podem eles muito bem -
a malta gosta é de matar homens feitos-, donde, no que toca a certos princípios-chave, são pró-morte e não há volta a dar-lhe. Pelos vistos o petróleo e as estratégias de poder nobre motivo são para matar, mas a dignidade de uma mulher não justifica que se impeça de nascer um ser ainda não formado nem autónomo.
Na realidade nem é bem o direito ao aborto que está em causa. É o direito a não ser mãe, a não parir, a não passar nove meses alimentando e trazendo dentro de nós um ser que não desejamos completamente -uma violência imensa que se abate sobre parideira e parido. Os senhores não compreendem que estão a querer regular o corpo de um cidadão? Que estão a limitar esse mesmo cidadão às suas funções reprodutivas? Que nestas discussões as facções pretensamente pró-vida discorrem, falam, falam, falam, teorizam e arrotam sentenças ignorando totalmente a individualidade, a integridade e a dignidade de toda a mulher? Ignoram-nos, acusam-nos, ofendem-nos. Arrogam-se poderes de decisão sobre o nosso próprio corpo, as nossas entranhas, as nossas aspirações, a nossa capacidade de lidar com uma gravidez. Ficamos a saber que para os psiquiatras portugueses [que me desculpem a generalização as Gabrielas Moita e os Machado Vaz deste país], as únicas sequelas psicológicas indesejáveis de uma gravidez serão uma esquizofrenia, uma psicopatologia irreversível ou um qualquer tipo de desordem comportamental claramente catalogável. Uma depressão? Nada mais fácil, uns prozacs na altura certa e verão se este país não vai ser uma autêntica linha de montagem de famílias felizes na caçarola. Aliás, ficamos a saber também que por vezes o aborto pode ser mais um problema psicológico a acrescentar à gravidez. Ó senhores, mas que grande descoberta! Então afinal as mulheres não têm grande tendência para fazer abortos por desporto, ahn? Então afinal por que raio é que temos de as punir legalmente?
Mas o mais giro disto -e aquilo que me agrada particularmente como mulher- é a conclusão: em caso de dúvida, em caso de não se saber se será mais grave levar a cabo a gravidez ou interrompê-la, a escolha será sempre científica. Ou seja, nunca será da mulher que leva dentro de si algo que não deseja. Será, isso sim, de quem de direito: os senhores
doutos e hirtos que nos olham severamente do alto inacessível das suas alturas,
os doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo, bem sentados nos seus cadeirões de braços, de pirilau arrumado e colhões ajeitadinhos. Para variar, a Natália é que tinha razão: se os homens engravidassem o aborto seria um sacramento. O que me espanta mais, realmente, é que não se ganhe vergonha na cara. Que homens como aquele que, de indicador em riste mesmo junto ao meu nariz, numa discussão sobre o assunto me gritou e repetiu que eu se abortasse era uma criminosa, uma assassina, não se olhem um dia ao espelho e vejam a carranca que eu vi e se assustem. Que não sintam nas costas o peso da quantidade de mulheres que matam ou mutilam todos os dias com a sua cega prepotência, com a sua tirana mediocridade.
Essas atitudes não são pró-vida. Se tratam a vida e a identidade de um ser humano completo, de uma mulher, de uma cidadã, como algo de secundário numa discussão destas, como algo que não interessa, só são pró-vida no papel. Vivem com uma máscara, na necessidade absoluta que têm de regular a vida e a moralidade dos outros, independentemente das agressões inenarráveis em que incorrem ao fazê-lo. Não conseguem olhar a mulher como um ser completo, encaram-na apenas como um quadro clínico. São, portanto, anti-vida, porque são anti-respeito-pela-dignidade da mulher.
Comecei bem, portanto, este post:
ia escrever sobre o parecer. Acabei deambulando - aparentemente, mas se calhar nem tanto. No que toca à questão jurídica que tentam constantemente transformar em científica, só posso aconselhar-vos a visita ao
Miguel e uma passagem atenta pela caixa de comentários.
E desculpem lá qualquer coisinha, alguma acidez de que tantas vezes alguns gostam de me acusar. Mas façam um esforço por compreender: é do meu útero que se fala naquele parecer e nestes debates. É-me extraordinariamente difícil ser bem-educada quando querem obrigar-me a deixar que outros decidam por mim o que fazer com ele.
Que raio de casamento mais libertino... isto já nem à direita há respeito pelas tradições, pá!
Deixem-me cá ver se percebi: se o Santana Lopes ganhar [pensar isto só me dá vontade de rir, mas é melhor conter-me para já, não vá dar azar], há coligação, ou seja, quem votar PSD estará a votar PP e vice-versa, mas à boa maneira da direita, por debaixo do pano, um pano muito puído que já não tapa nada, mas um pano. Por outro lado, deixando o belo legado que todos conhecemos, esta coligação-às-vezes não quer ser julgada como tal, mas quer ser reeleita, definindo as suas [não-]posições e os seus [não-]projectos pelos caprichos adivinhados na matemática eleitoral. Faz sentido, se o poder é por si o único objectivo, porquê perder tempo e não passar directamente à estatística, à previsão de perdas e ganhos? Isto é comércio puro, ó tenrinhos! Para completar fazem um anúncio quase solene [nunca dei por coisa assim, o absurdo está para ficar na vida política portuguesa] do fim-mais-ou-menos do casamento-que-afinal-não-era, transformado agora em envergonhado concubinato por conveniências eleitorais.
Se a vinte de Fevereiro estes senhores conseguirem o que pretendem, isso significa que, mais uma vez, o povo português colocou a assinatura no seu próprio e colectivo atestado de estupidez.
Nota: Nem me apetece discorrer sobre as birras,
as visitas de estado que ia fazer mas já não faço, nhanhanhanha, e a cimeira luso-francesa, agora já não vou, se me tratam mal eu também tenho mais que fazer, prontos!. Este governo é deprimente, é patético, é irresponsável, é desrespeitoso de tudo e de todos excepto das suas conveniências imediatas e das suas próprias vaidades. Espero que em Fevereiro não venhamos a perceber que é, realmente, o espelho deste país.
Adivinhem quem faz um ano!...
Um grande blogue, com umas hastes que mais parecem antenas. Muitos parabéns,
rapazes! Mas acima de tudo, muito obrigad@s pelos últimos meses. E pelos que aí vêm.
Religare
Eu, que cresci sob a poderosa influência de um pai ateu militante no meio de mulheres religiosas e/ou disfarçadamente supersticiosas, tenho passado por várias fases. Tinha eu quatro anos quando o meu pai achou por bem proibir a minha avó Rosa de me levar à missa, já que eu chegava a casa muito sofrida com a desgraça daquele senhor que lá estava pregado de braços abertos. Mais tarde fui ateia militante, perseguindo a mesma pobre avó com as quadras anti-clericais do Aleixo pelos corredores da casa. Já sofri também de “inveja da fé”, sobretudo no confronto com a morte. Entrei no caminho irreversível da dúvida com as experiências de felicidade e comoção extremas pelas quais passei como veículo da mais extraordinária música religiosa [sobretudo Bach, claro, sobretudo com Frans Brüggen, naturalmente, mas não só]. As angústias, as esperanças, os símbolos, de tudo isso me aproximei, de tudo melhorei a minha compreensão através da arte. Compreendi finalmente o que racionalizara ainda no ciclo preparatório e no secundário, com o estudo, com as discussões filosóficas, com as provocações aos professores –nunca nenhum professor me conseguiu explicar, nem mesmo um ex-seminarista, por que raio é que se a Bíblia diz que os doentes é que precisam de médico, a senhora de Fátima só faz milagres com beatos e a mim, que sou ateia, nunca me apareceu ninguém. Tantas perguntas para nenhumas respostas.
Hoje atrevo-me a dizer que a religião, como conceito, não só não me repugna como me parece indispensável. Antes que fiquem com olhos de boga, tentando perceber se entrei na
Twilight Zone, devo esclarecer que encaro o conceito da sua perspectiva etimológica, de "religare". Ou seja, de uma consciência adquirida ou descoberta de que sou, como indivíduo, parte de um todo maior. Um todo social, animal, vegetal, mineral, ambiental e,
last but not least, energético e universal. Um todo em que o livre arbítrio convive com o que nos transcende, com o que não compreendemos ou verbalizamos, mas intuímos, disputamos, partilhamos, vivemos. Há quem goste de lhe chamar Mãe Natureza, nomes de deuses vários ou de um deus só. Eu gosto de lhe chamar nada. Pelo simples facto de não saber –nem me arrogar a capacidade de adivinhar- se existe um absoluto por cima de tudo isto. Ainda tenho umas conversas a terminar com a Vermelha, a ver se de facto me encaixo no Taoísmo. Mas querida Rojita, conhecendo-me tu tão bem, hás-de concordar que o mais certo é ficar pelo menos com uma perna de fora do encaixe, não achas?...
Em suma, para mim existem várias formas nobres e absolutamente não fanáticas de se praticar a religião. A arte, a filosofia, a ciência, tudo o que simultaneamente nos lança para dentro e para fora de nós próprios, tudo o que nos ajuda a encarar as dúvidas com espírito aberto ao invés de dogmas, tudo o que nos mantenha flexíveis e inteiros, como seres intuitivos, energéticos, emocionais e racionais, parcelas preciosas de um todo que se esconde dentro de cada ser humano. Podem dizer-me que isto tem muito mais a ver com uma formação pessoal completa e humanista do que com religião. Seja. Para mim, compreender que sou insignificante e forte ao mesmo tempo, causa e efeito, positivo e negativo é a minha forma de me religar. Aceitar que não existe um sentido para isto -ou se existe por que razão é que nós, no meio desta imensidão interminável e em expansão a que chamamos universo havemos de algum dia compreendê-lo?- é o sentido que encontro e chega-me. Se algum dia, por hipótese, se descobrisse a razão de tudo isto, o princípio e o fim, a forma e os moldes, aposto que nenhuma das fábulas actualmente em circulação se revelaria exacta. O que não lhes retira importância ou legitimidade. São fruto da nossa consciência, da nossa criatividade, da nossa fragilidade, acima de tudo, dos nossos medos. São, portanto, absolutamente humanas e falíveis. Relativas. Pessoais, comunitárias, contingentes até, muito mais contingentes do que os eruditos das várias confissões gostariam de admitir. E aqui faço, então, uma distinção que considero importantíssima: religião não é o mesmo que fé, mas sobretudo não é o mesmo que confissão. Pode até, esta última, revelar-se algo de diametralmente oposto, a partir do momento em que não procure ou fomente uma autoconsciência, antes a reprima para a normalizar e manietar. Isto para mim é o oposto do conceito de religião.
O que me leva, finalmente, ao motivo deste post:
este texto do Miguel, com o qual concordo absolutamente. A
polis não é o espírito. Por muito longe que os debates teológicos nos pudessem levar, por muito apaixonantes que possam ser, não podemos por eles reger as liberdades e a cidadania e sobretudo não podemos admitir que uma ou mais confissões específicas o façam. Porque o respeito e a convivência são uma via de dois sentidos. Porque o verdadeiro religioso deveria ter consciência da sua falibilidade antes de começar a bradar proibições e regulamentos que gostaria de ver adoptados mesmo por quem vê, sente e se religa de outro modo. Porque sem respeito pelo indivíduo, qualquer moralidade é oca.
Para não variar, façam o favor de me mandar à merda!
Hoje e amanhã às 21h30, sábado às 16h e às 21h30, no
Teatro Nacional D.Maria II. Dias 16, 17 e 18, no
Teatro Nacional de São João. Sem dúvida imperdível pelas famílias modernas em desespero natalício [ouviste,
Efe?].
E para não dizerem que sou forreta, ora tomem lá um
vislumbre... se bem que ao vivo é bem melhor, eheheh.
Ai, saudade!
Ouvi hoje o insigne deputado Guilherme Silva desfiando os anátemas dos excessos de democracia, atacando os precedentes abertos por esta decisão, perdão, por este abuso de poder por parte de Jorge Sampaio[?!]. Que pensou que estivéssemos a salvo de uma arbitrariedade destas desde 1982 – a isto é o que eu chamo confiança cega nas revisões constitucionais, eheheh –, que assim caminhamos para um regime mais presidencial. Eu concordo, de facto. Acho que 20 anos é pouco tempo. Devíamos recuar mais ainda, ao tempo em que o chefe de governo, em vez de ser nomeado, nomeava o Presidente da República. Aliás, nem precisam de grande ginástica mental para compreender que têm à disposição um legítimo herdeiro do saudoso Américo Tomás: Avelino Ferreira Torres à presidência! E Santana Lopes a chefe do Conselho vitalício. E os manda-chuvas da secreta têm de ser da confiança pessoal do partido no governo. E beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses. E dEus vos acompanhe. A bem da nação.
Falta de ar
Os passes sociais vão aumentar mais de 5% em Janeiro graças às caprichosas flutuações do nosso bem-amado petróleo, mas não chega, porque em Fevereiro lá terá de vir o acertozinho da inflacção [
Desculpe?! Importa-se de repetir?!]. Nada de muito grave, a avaliar pela D.Adelaide, funcionária da ESML que gasta mensalmente 50 euros para chegar ao Cais de Sodré, porque se fosse para cirandar por Lisboa lá iam mais 75, ou pensa que isto é assim, hã?! Olha, diz que é o mercado e que o mercado é que sabe. Agora desemerdem-se! O metro de Lisboa lá terá as suas razões, mas funciona cada vez pior, com atrasos, paragens e confusões. Acrescente-se ainda o cheiro a tabaco que se entranha na roupa e no cabelo e temos um bom indicador do grau de civilização de uma cidade. Hoje dei por mim a pensar: -que giro, no metro de Londres há avisos a rezar
Please don´t eat smelly food, na estação do Marquês de Pombal fazem-se pipocas. Enfim…
é as culturas. Por cima das covas monstras que enfeitam o perímetro das Amoreiras, novos cartazes gritam orgulhosos, a quem os quiser ouvir [desculpem lá, filhos, mas acho que já não vale a pena esforçarem-se muito…]:
Queriam acabar com ele, mas nós vamos terminá-lo! Viva! Venha o túnel, venham os automóveis. E venha 2010, ano em que de forma alguma conseguiremos honrar o nosso compromisso de Quioto, pelo menos se continuarem a subir desenfreadas as emissões de gases deste inofensivo Portugal.
Eu tenho vergonha. Todos os dias. E caramba, isto não mata, mas mói…
De um país de salas pequeninas
Ouço na Antena 1 que, novamento, Joe Berardo ameaça levar a sua colecção de arte para outro país. Uma colecção completíssima, de enorme representatividade da arte dos últimos cem anos -mais coisa menos coisa-, há anos aguardando um espaço que permita disponibilizá-la inteira e não aos bochechos a um público que suspira por viagens ao Mo.Ma, às Tates e aos vários Gugenheims do mundo civilizado. Isto enquanto por esse mesmo mundo há quem suspire por esta colecção, ofereça condições, garanta tratá-la como ela merece, como o que ela é: uma das maiores e melhores colecções de arte contemporânea, nada mais. Enfim, nada de muita monta para um país como o nosso. O homem está farto. E pode-se censurá-lo? Eu já lhe agradeço o facto de, por enquanto, ainda andar a marrar por aqui. E para começar, vou tirar uma bela tarde para ir ver, assim que possa, a mostra que hoje inaugurou no Museu de Arte Contemporânea de Sintra, assim como a exposição dedicada a
novos artistas japoneses.
Bem, estes testes fazem cá umas massagens ao ego...
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visto no
Litanias
Variações para dois amigos queridos que não têm medo de mergulhar [e que se passarem por aqui vão saber, com certeza, reconhecer este presentinho]
Mergulha na minha onda
Vais ver que te sentes bem
Não é quente nem é fria
É o morno que te convém
Mergulha na minha onda
Onda de toda a maré
Não é cheia nem vazia
Onda feita p'ró teu pé
Mergulha
Atira-te
De cabeça
Mergulha na minha onda
Mergulha sem recear
Vais abaixo e vens acima
A tempo de respirar
Balança na minha onda
Sente o peso que ela tem
Não é leve nem pesada
É o peso que te convém
Mergulha
Atira-te
Desliza
Sem pensar
Boa
navegação, meus queridos! ;):)
Há 60 anos nasceu um alien num país de alienados
Fotografia de
Laura
Vou perguntar ao mais vidente
Se o meu futuro será sorridente
Vou consultar quem tem visão
Se ainda vale a pena fazer tenção
Quem é capaz de me dizer
Se a manhã traz a minha força de querer
Quem é capaz de adivinhar
Se a minha fonte vai correr ou secar
Quem é capaz de aconselhar
Se hei-de estar aqui ou trocar de lugar
Quem é capaz de assegurar
Se no futuro posso respirar
Quem é capaz de me indicar
Se eu hei-de andar depressa ou devagar
Quem é capaz de me tirar
Desta incerteza se hei-de rir ou chorar
Quem é capaz de me ver na mão
Na linha-vida qual a duração
Quem é capaz de me informar
Se a linha é recta ou se vai entortar
Quem é capaz de aconselhar
Se não for certa se a hei-de cortar
António Variações,
Linha-Vida, do álbum
Anjo da Guarda
Mau jornalismo
1. A "notícia" é ilustrada com uma fotomontagem: um maestro com a cabeça de Santana Lopes. Fotomontagens, por mais hilariantes (ou, no caso, ridículas) que possam ser, não deviam ter lugar no jornalismo.
2. A maior parte da "notícia" é constituída por entrevista a uma ou duas pessoas. Não sabemos quem, não são identificadas.
3. Conteúdo: zero. Levantam-se suspeitas e acusações a uns, fazem-se elogios a Graça Moura. Não, não são os entrevistados que o fazem, parece ser a própria jornalista (as frases dos entrevistados distinguem-se por se encontrarem escritas a "bold". Fundamento: zero. Diz que Santana Lopes deu instruções, ao longo de nove anos, para que Estado não pagasse dinheiro que devia à orquestra. Onde estava Santana Lopes há nove anos? Era presidente do Sporting. Explicações para o facto de ser possível que o presidente de um clube desportivo controlasse o dinheiro devido pelo Estado à AMEC: Zero. Note-se que a notícia coloca Santana Lopes a ganhar a presidência da Câmara de Lisboa antes de 1996. Antes da Figueira da Foz, portanto.
4. O título da notícia fala num «erro policial», que terá levado à apreensão de centenas de livros do maestro. A notícia não explica em que consiste este erro. Seria um erro por injustiça? Não sabemos.
Não sei como é possível que o jornalismo tenha chegado a este ponto. Juro que não sei. Saudades dos tempos em que só os erros ortográficos me incomodavam quando lia as notícias.
Carla
Um nome fica, deste filme. Carla. A personagem de Beatriz Batarda, o patético mártir de uma tragédia inevitável, disputando semi-clandestinamente com a mãe Rita Blanco a posição de mulher do pai Fernando Luís e educadora da irmã mais nova Cleia Almeida. Educadora sem aspas, pois se o mundo é a noite, os códigos e as defesas serão os da noite. E o da noite portuguesa, do alterne refém das máfias, dos erros que arrastam vidas e dignidades.
O filme é, como já escrevi antes, um portento. A realização próxima, humana, suja, um som irrepreensível - coisa rara na produção nacional, como sabemos - sem o qual seriam impossíveis os diálogos simultâneos, as coreografias de palavras entre duas cenas paralelas no mesmo plano. É talvez este um dos efeitos mais bem conseguidos e mais impressionantes do filme: personagens juntas no espaço e diversas no objecto, por fim trocando posições de emissão e recepção, baralhando as cartas, mas seguindo um caminho comum ainda que constantemente silenciado, meio-dito, até meio-pensado. Mas representado de modo sublime e coincidentemente filmado, o mundo de Carla, aborto do mundo que cria e destrói Carlas. O mesmo mundo desde a Ifigénia original.
Não nos deprimamos demasiado, no entanto: neste mundo também se constroem Batardas. E Canijos.
Olha, que giro...
... e por que é que eu
não estou espantad@?
Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim...
O Campo Grande está cheio de cartazes negros com pequenas citações desse molho de obras-primas que são as canções da
Ópera do Malandro. Aguardo mais poesia nas paredes.
Porque cresceste coruminha, assim depressa, estabanada... Aguardo mais sensualidade por esta cidade que anda cor de cinza.
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz...
E como não há bela sem senão, também era engraçado que topassem que ao escrever "Agora já não é normal malandro com retrato na coluna social" podem estar a poupar cartaz, mas conseguem dizer exactamente o oposto do que diz o original:
Agora, já não é normal/o que dá de malandro regular, profissional/malandro com aparato de malandro oficial/malandro candidato a malandro federal/malandro com retrato na coluna social/malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal...
Ah, Chico, Chico, quando é que atravessas novamente esse tanto mar e vens trazer-nos calor e amor num chorinho? Já tenho saudades...